A primeira luz da manhã não aqueceu Arkhadia. Ela apenas tingiu os telhados com um brilho pálido, como se o próprio sol hesitasse em tocar aquelas terras. O silêncio era espesso, carregado, e mesmo os pássaros pareciam cantar menos.
Clarice estava de pé muito antes do nascer do sol. No alto da torre leste, onde o vento dançava com os véus cerimoniais, ela observava o horizonte. O véu do Fôlego Ardente permanecia pulsando em seu peito, discreto, mas firme — como um lembrete de que o tempo não estava mais a seu favor.
Lyanna... você está comigo?
Sempre. Mas há algo estranho nesta manhã.
O que sente?
Como se as águas do Lago soubessem que vamos até elas.
Atrás dela, passos firmes se aproximaram. Ela não precisou olhar para saber quem era.
— Partiremos ao meio-dia — disse Ares, com a voz rouca da madrugada. — Os anciãos querem enviar dois aprendizes com a comitiva. Clarice, são leais.
— Lealdade não se mede antes da prova — ela respondeu, ainda olhando o horizonte. — Mas que venham. Não p