Capítulo 114

A primeira luz da manhã não aqueceu Arkhadia. Ela apenas tingiu os telhados com um brilho pálido, como se o próprio sol hesitasse em tocar aquelas terras. O silêncio era espesso, carregado, e mesmo os pássaros pareciam cantar menos.

Clarice estava de pé muito antes do nascer do sol. No alto da torre leste, onde o vento dançava com os véus cerimoniais, ela observava o horizonte. O véu do Fôlego Ardente permanecia pulsando em seu peito, discreto, mas firme — como um lembrete de que o tempo não estava mais a seu favor.

Lyanna... você está comigo?

Sempre. Mas há algo estranho nesta manhã.

O que sente?

Como se as águas do Lago soubessem que vamos até elas.

Atrás dela, passos firmes se aproximaram. Ela não precisou olhar para saber quem era.

— Partiremos ao meio-dia — disse Ares, com a voz rouca da madrugada. — Os anciãos querem enviar dois aprendizes com a comitiva. Clarice, são leais.

— Lealdade não se mede antes da prova — ela respondeu, ainda olhando o horizonte. — Mas que venham. Não p
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