A noite caíra sobre Arkhadia como um manto espesso, abafando até os sussurros do vento entre as muralhas. O templo estava em silêncio, mas Clarice não. Caminhava de um lado para o outro entre os pilares de pedra, os olhos fixos em algo que apenas ela via. A lâmina ancestral, agora repousada sobre o altar lateral, tremia sutilmente, como se sentisse a aproximação de algo invisível.
Ares encostava-se à parede mais afastada, os braços cruzados, mas os olhos cravados nela. Havia algo diferente naquela noite. Algo denso, que se esgueirava pelas frestas do mundo como uma presença espreitando. E por mais que estivesse acostumado com a guerra, com o sangue e com as feridas que não cicatrizam, Ares sabia que agora enfrentavam algo mais antigo do que a dor.
Clarice parou diante do altar, os dedos roçando as pedras frias. Ela sentia a presença da Deusa como um sussurro em sua nuca, mas também algo mais: um véu de silêncio que a envolvia com desconfiança.
— Althea... o que estou esquecendo?
Lyann