Segunda camada — A Solidão
A floresta parecia ter sido engolida pelo tempo.
Clarice caminhava por entre árvores que sussurravam em uma língua esquecida, cujos galhos curvavam-se como braços cansados. As folhas, ao caírem, não tocavam o chão — desapareciam no ar como se fossem feitas de memória.
Cada passo era mais silencioso que o anterior. Cada batida do coração parecia ecoar demais.
— Lyanna...? — sussurrou mentalmente.
Silêncio.
Clarice parou. O ar, antes pesado, agora parecia morto. Não havia resposta. Nem da loba. Nem das árvores. Nem do próprio chão.
— Lyanna, fala comigo. — disse, com a mente e com a alma.
Nada.
Um arrepio lento subiu por sua espinha. Ela tentou sentir a presença dentro de si, o elo que a conectava à sua loba, mas o espaço onde Lyanna costumava vibrar estava… vazio.
Não arrancado.
Não machucado.
Vazio.
Sozinha.
Um zumbido cortou o ar como um fio de vento gelado. A escuridão adensava-se em sua volta com uma inteligência silenciosa, como se a estivesse observando