Capítulo 46
Cecília Bertinn
Quando saí de Santa Maria, no interior do Rio Grande do Sul, tinha apenas uma mala surrada, um punhado de sonhos e uma promessa silenciosa de mudar a vida da minha família. Sempre ouvi falar do tal sonho americano, mas nunca imaginei o quanto teria que lutar para transformar esse sonho em realidade.
No começo, a vida em Nova York foi dura. Trabalhei em tudo que aparecia — fazia faxina, fui garçonete, até babá, vivendo com o básico e juntando cada centavo. Um pouco eu mandava para ajudar minha família, o resto guardava para realizar meu sonho.
Foi só depois de muito suor que consegui comprar uma carrocinha velha e enferrujada. Pintei de rosa, com minhas próprias mãos, e foi nela que comecei a vender os lanches que aprendi a fazer com a minha mãe.
Dei a ela o nome de Sabor Gaúcho, em homenagem às nossas raízes, como uma forma de me sentir conectada à minha terra mesmo tão distante dela.
Hoje, anos depois, aquela carrocinha virou uma pequena lanchonete. Não é