Só aquele cômodo já tinha o tamanho de duas das cabanas onde eu morava. As paredes estavam pintadas de cores tão claras que quase pareciam brancas. Uma cama enorme encontrava-se no centro do quarto, e prateleiras e mais prateleiras de livros se estendiam pelas paredes. Havia duas portas do outro lado; eu imaginava que uma levava ao banheiro e a outra, ao guarda-roupa.
Eu gostava do que via. Tudo ali me lembrava o príncipe.
Uma neblina fosca pairava sobre minha cabeça, fazendo-a doer ainda mais. As imagens estavam cada vez mais reais — já não sabia mais o que era imaginação e o que era realidade.
Minha avó deu um longo suspiro antes de começar a falar:
— Alguns anos atrás, encontrei uma garotinha desacordada à beira do rio. Estava frio demais... A criança tinha um tom azulado; mais alguns minutos naquela água gélida, e ela teria morrido.
Fez uma pausa.
— Eu não deveria ajudá-la. Tinha uma missão dada pelo alfa da matilha Vergan, e o tempo era essencial. Mas não consegui seguir adiante