Victória, aos vinte e um anos, vê sua vida mudar radicalmente após a morte de sua avó, deixando-a sozinha no mundo. Seu sonho de se tornar uma bailarina famosa parece mais distante do que nunca, até que um anúncio em um jornal confere a ela uma oportunidade única em Dubai. A chance de um curso e uma mudança de vida a leva ao luxuoso paraíso, mas sua jornada dos sonhos se transforma em um pesadelo quando se depara com a realidade cruel do tráfico de mulheres. Ao escapar do cativeiro, ela encontra proteção nos braços de Adrian, um homem misterioso e encantador, herdeiro de uma das maiores riquezas do país. O amor floresce entre eles, mas segredos obscuros sobre a família de Adrian ameaçam o futuro de Victória, trazendo de volta o terrível pesadelo do qual ela tentou fugir. Desbrave as areias de um amor tão quente como o deserto!
Leer másVictória Alexia, uma jovem determinada, viu sua vida desmoronar após a perda de sua avó Lizarda, sua única família e companhia no modesto subúrbio de São Paulo. Enquanto trabalhava como manicure para sobreviver, nutria um sonho distante: ser uma bailarina renomada e espalhar sua arte pelo mundo. As lembranças dolorosas da partida da avó pareciam prendê-la um passado sombrio, marcado por tragédias. Seu pai, um traficante, faleceu em um assalto violento, e a mãe, Lea, tirou a própria vida quando Victória era apenas uma criança de dez anos. Mesmo diante de tanto sofrimento, a jovem tinha a esperança de um futuro mais brilhante através de sua paixão pela dança.
Naquela tarde, Victória reuniu as últimas peças de roupa que restavam na casa de sua avó e decidiu doá-las, deixando para trás as lembranças que elas traziam de volta. Determinada a buscar novas oportunidades, seguiu para o centro da cidade para distribuir currículos. No caminho, sempre fazia uma parada em frente à mesma academia, onde o balé atraía sua atenção como um ímã. Ela já tinha frequentado aulas por alguns meses, mas precisou desistir por causa das dificuldades financeiras e da distância.
Enquanto contemplava as aulas através do amplo espelho da academia, Victória foi notada pela professora, que prontamente a reconheceu e acenou em sua direção. Um sorriso surgiu no rosto de ambas e a professora saiu para cumprimentá-la, ansiosa para saber sobre seus planos e sonhos.
— Por que nunca mais voltou para as aulas? Ainda tenho esperança de que a minha melhor aluna retorne...
— Sinto muito professora Ângela, mas as coisas se complicaram ainda mais... — respondeu constrangida e demonstrando tristeza.
— Não me diga que sua avó piorou de saúde?
— Ela faleceu há pouco tempo!
— Sinto muito...
Após sair de lá, preparou seus currículos e seguiu seu rumo entregando o currículo por algumas lojas... Um homem bem-vestido se aproximou dela, questionou se ela já havia trabalhado antes:
— Sou manicure, nunca cheguei a ter um trabalho fora de casa... — respondeu ela, percebendo que sua fala poderia desestimular uma oportunidade, Victória completou — Mas eu tenho disposição para aprender!
— Entendo, dê-me seu contato e veremos uma oportunidade para você.
Sem muitas esperanças, Victória passou seu contato para aquele homem, seguiu seu caminho o final do dia e regressou para casa. Alguns convites para sair, mas ela não os respondeu e tentou adormecer o mais cedo que conseguiu.
No dia seguinte, havia algumas mensagens em seu celular, mas nada relacionado a uma oportunidade de trabalho... Apenas uma semana depois, uma ligação e uma entrevista a levou novamente a ter esperança.
Victória chegou a um lugar bonito, era uma sala comercial e um homem sorridente a recebeu.
— É um grande prazer conhecê-la! — disse ele, ambos se cumprimentaram com um aperto de mão. — Nossa empresa é nova no mercado, buscamos jovens que queiram ingressar no mundo da moda...
— Perdoe-me senhor, sou manicure apenas...
— Sim, entendo... Achamos que você tem potencial para ser uma modelo fotográfica em nossa agência, talvez pareça repentino, mas acredite, eu trabalho nesse ramo há muitos anos e reconheço uma bela modelo quando vejo uma!
Tudo aquilo parecia tão longe de sua realidade e planos de vida, mas os valores eram atraentes e Victória queria aquele salário incrível para, quem sabe, chegar a dançar fora do país.
Ela tinha medo de viajar sozinha, mas conheceu outras meninas que iriam para o mesmo destino. Pesquisou sobre a agência e seriedade dos homens que trataram as negociações com ela e tudo parecia estar de acordo. Em dois meses seu passaporte estava pronto, havia feito um Book fotográfico e recebido um adiantamento pequeno que foi usado para custear algumas roupas e coisas de uso pessoal.
Victória avisou para algumas amigas e vizinhas que iria para Dubai a trabalho, o voo era pela classe econômica. O medo de voar pela primeira vez era um turbilhão de emoções para ela. Sentada na poltrona do avião, segurava firmemente os braços da cadeira, observando ansiosamente cada movimento dos comissários de bordo. As mãos suavam, o coração batia acelerado e ela tentava disfarçar o nervosismo.
Por outro lado, o medo do novo trabalho em um país onde não falava o idioma local a assombrava igualmente. A incerteza de não conseguir se comunicar em inglês, a língua predominante no novo ambiente de trabalho, a deixava insegura. Pensamentos ansiosos invadiam sua mente, fazendo-a questionar sua capacidade de viver naquele país...
Victória deixou sua casa, abandonou tudo o que conhecia, mergulhando completamente em um sonho. Esta, sem dúvida, seria a maior aventura de todas. Assim que aterrissaram, algumas meninas seguiram em um carro preto, enquanto Victória e as outras foram em outro veículo. A separação das demais deixou uma apreensão dentro dela. Um dos homens que as acompanhava falava árabe o tempo inteiro; raramente dialogavam em inglês. Entre conversas incompreensíveis, eles as olhavam constantemente. O trajeto foi longo e se estendeu até anoitecer; algumas meninas dormiam, mas ela definitivamente não conseguia fechar os olhos. Finalmente, pararam em um local próximo ao mar. Ela observou atentamente ao redor, notando um navio ancorado, quase na escuridão em comparação aos demais. A cena parecia estranha, e ela se acomodou melhor no banco do carro para observar tudo com mais clareza.
— Saiam! — disse um dos homens que as conduziam.
— Para onde estamos indo, senhor? — questionou uma das meninas, e Victória ficou apenas observando.
— Vamos fazer um novo passeio... — surpreendentemente respondeu ele, em português.
Foram guiadas para embarcar naquele navio e o homem que as conduzia tirou um maço de dinheiro, parecendo ser dólares. O medo tomou conta dela... toda a segurança que sentira ao ser contratada por aquela agência parecia ter sido um mero disfarce, pois estavam sendo vendidas!
Antes que pudessem correr, seu nariz foi coberto por um pano embebido em algo forte, e ela desmaiou. Seus olhos pareciam pesados, e mal conseguia mantê-los abertos. Dois homens estavam à sua frente, e ela foi levada por um corredor escuro...
Victória é colocada em um quarto isolado das outras garotas, eles sabiam que juntas, elas poderiam tramar uma fuga. A agência que as contratou era usada por um dos traficantes, algumas garotas chegavam ao seu destino inicial e outras... As escolhidas, não!
Ao despertar assustada, ela percebe que não parece estar mais em um navio. Era um quarto branco com paredes, adornadas com tecidos finos e ornamentos dourados, de uma elegância que ela jamais havia visto, a não ser em filmes e novelas. O piso de mármore polido, complementado por tapetes que pareciam macios...
A cama, majestosamente ampla e repleta de almofadas de seda ricamente decoradas, se destacava no centro do quarto. Os lençóis são de uma seda exuberante e macia, enquanto cortinas vermelhas pendiam dos quatro postes, criando uma aura de privacidade.
Toda aquela beleza foi interrompida ao, Victória perceber que estava presa por uma corrente em seu calcanhar, desesperada ela chorou e buscou uma forma de sair daquele lugar. Até que a porta foi aberta e um homem com aparentemente entre cinquenta a sessenta anos e um porte físico imponente, além de traços bem característicos árabes. Seus olhos eram penetrantes e não perdiam Victória de vista sequer por um momento...
Adornado com diversos acessórios dourados, ele sorriu ao vê-la e se aproximou da cama lentamente... Enquanto ela, se afastou.
— A beleza é um presente de Alá, mas também um veneno para quem se perder em sua miragem! — disse ele, encerrando o sorriso que ostentava.
A jovem sentiu horror naquele momento, quando percebeu que aquele homem era o líder de toda aquela facção. Pelo modo como os demais se referiam e faziam reverências, ela havia visto seu rosto e nunca mais seria livre ou sairia viva daquele lugar.
Victória estava certa, todos o chamavam de Qa'id al-Hayat" (قائد الحياة), que significa "O Comandante da Vida. Ele determinava todas as regras daquele jogo mortal... As visitas daquele homem estranho, passaram a se tornar cada vez mais frequentes e a aproximação dele com Victória a fazer temer o desfecho de tudo.
Até que um dia, ela foi levada para uma tenda onde havia mulheres que cuidaram de sua beleza ao longo de um dia inteiro e ela foi coberta por ouro e um lindo vestido. Mandada de volta para o seu cativeiro de luxo e acorrentada em volta de seu tornozelo novamente, Victória sabia que aquele não era um dia convencional... Qa'id al-Havat entrou no quarto, dessa vez não com a intenção de contar-lhe histórias sobre o Alcorão.
Victória passou a ser violentada por ele, dia após dia... Ele a chamava de esposa, sempre se referia a jovem como a única dona de seu coração. Apesar de ostentar uma aliança de casamento em seu dedo, ele lamentava precisar retornar a sua vida era algo que era forçado a fazer.
Sônia estava aflita, sabia que Rafael estava escondendo algo dela e exigiu a verdade. — Você é um bom rapaz, senti isso assim que o conheci. Mesmo que meu filho Adrian ainda duvide de suas boas intenções, eu acredito em você! Me diga, o que está acontecendo? Rafael respirou profundamente e saiu de dentro do carro, sendo seguido por ela. — Sou mesmo funcionário antigo da fazenda. Mas eu só regressei e pedi emprego a mando de um homem! — Ele se chama Kalel? — perguntou Sônia. — Sim, ele parece muito poderoso e jurou me matar se não cumprisse as regras dele. — Se está me revelando isso, significa que está do nosso lado. O jovem transpirava de medo, mas sentia estar fazendo a coisa certa. Na fazenda, Adrian, Ahmed e Victória ainda tentavam entender as marcas no chão e nas árvores. Ela registrou os símbolos em fotografias e passou a pesquisar sobre elas, enquanto os dois permaneceram do lado de fora da propriedade. Victória descobriu que a facção de Omar não só usava a fazenda para
A manhã estava quente e silenciosa na fazenda. Apenas ouvia o som das ferramentas nos campos e os mugidos dos animais que sempre despertavam primeiro o pequeno Adriano. Adrian observava Rafael de longe, guiando um grupo de gado em direção ao estábulo. O homem parecia ser eficiente como havia dito na entrevista de trabalho, mas algo em sua postura incomodava Adrian. Desde que ele chegara, havia uma hesitação nos olhos de Rafael que não combinava com a confiança de um trabalhador experiente.Victória apareceu ao lado de Adrian, trazendo Adriano no colo e beijando o marido.— Ainda não confio nele, amor. Ele é bom demais para ser verdade. — disse ela, enquanto ajeitava o chapéu para proteger o filho do sol.Adrian suspirou, olhando fixamente para Rafael ao longe.— Eu também tenho minhas dúvidas, princesa, mas precisamos de ajuda. Não podemos cuidar de tudo sozinhos. — Ele virou para Victória, o olhar firme. — Mas fique de olho nele. Se ele fizer algo fora do normal, quero saber imediata
Após comemorarem aquele empréstimo aprovado, Sônia, Adrian e Victória finalmente conseguiam respirar com um pouco de tranquilidade, embora todos soubessem que o trabalho na fazenda apenas começava. À noite, após um jantar de comemoração eles tinham ido descansar... Victória e ele havia tido uma noite tórrida de prazer e descansavam lado a lado. Dagmar dormia, após tomar alguns remédios para dor.Era por volta de três da madrugada quando um ruído vindo do lado de fora acordou Adrian. Seus sentidos de sobrevivência estavam sempre atentos, desde que passou a lutar por sua vida. Ele nunca mais dormiu tão tranquilamente e despertava com qualquer som. Rapidamente, ele se levantou, puxando uma faca que mantinha embaixo do colchão.Victória, ainda meio sonolenta, percebeu a tensão no rosto dele e sussurrou quando o viu desperto:— O que houve, Adrian?Ele fez um sinal para que ela ficasse em silêncio, aproximando-se da janela. A silhueta de dois homens se movia ao redor da casa, a luz da lua
Adrian precisava recomeçar em todos os sentidos, agora tinham apenas uma terra para cuidar e ele precisava fazer isso dar certo. Não sabia como lidar com os animais, mas estava feliz por recomeçar ao lado da família. Sônia sabia que agora tinham um grande desafio pela frente, precisava de dinheiro para manter os animais e fazer reparos na propriedade. Londres é uma cidade grande e, apesar de viverem na zona rural, tinham que investir de alguma forma.— Quero que use isso, deve valer muito! — disse Victória, entregando a joia que ganhara de Qa'id no cativeiro há mais de um ano.Sônia ficou em silêncio, mas Adrian a encorajou.— Pegue, mamãe, precisamos de tudo o que pudermos. Lamento que eu mesmo não possa solicitar um empréstimo, mas ainda sou um homem procurado em Dubai!— Não se preocupe, tudo dará certo, sei que essa fazenda renderá o bastante para nos manter e pagar esse empréstimo, filho!Os três se abraçaram, Sônia foi até a cidade que ficava a 13 quilômetros dali. Victória se a
Ahmed sabia que precisavam agir rápido. Agora que Sônia sabia de tudo o que o marido havia sido capaz de fazer... poderia perder o autocontrole e até revelar que Adrian está vivo.Ele passou aquele mesma noite em claro, vasculhando os dados das trasações da empresa de Qa'id. Ao vasculhar discretamente os registros financeiros e comunicações de Omar, acabou descobrindo uma transação suspeita envolvendo uma empresa offshore que havia sido criada há pouco tempo. A empresa é utilizada para lavagem de dinheiro que vinha do tráfico humano e outras atividades ilegais, conectando diretamente Omar a uma rede internacional do crime organizado. Naquele mesmo instante ele telefonou para Adrian... não podia esperar mais para dar a ele a grande notícia, — Eu consegui! Encontrei as provas que precisávamos Adrian...O coração dele disparou, agora sabia que os dias de Comandante da vida... de Qa'id acabariam.Adrian esperou por mais dois dias, Ahmed firmou uma denúncia contra Omar na delegacia e todos
Omar encontrou Sônia na sala, folheando alguns papéis enquanto parecia perdida em pensamentos sobre o filho perdido.— Sônia, eu marquei um encontro com um advogado para discutir os bens de Adrian. Acho que é importante resolver isso o quanto antes e sei que gostaria de estar presente! Resolva isso de uma vez. — disse ele, com um semblante sério.Ela olhou para ele com determinação nos olhos.— Só aceito falar sobre isso com esse homem porque precisamos proteger o patrimônio do nosso neto. Mas você sabe que nosso flho está vivo!Omar assentiu, sorrindo por dentro e sabendo que as frases insistentes da esposa sobre a falsa morte de Adrian poderiam ajudar a tirá-la de cena em breve. Quem sabe com uma internação compulsória para tratar os nervos... A esperou sair para se dirigir até o quarto da jovem.Encontrou Victória, no quarto, terminando de vestir o bebê Adrian, agora um pouco mais esperto e a cada dia aprendendo a interagir mais, com um sorriso terno.— Coloque-o no berço, precisamo
Último capítulo