Capítulo 3 – Leve-me!

Adrian, herdeiro de uma grande fortuna, é reconhecido como o solteiro mais desejado do país. Apesar de sua coragem, ele se vê diante do momento crucial de assumir as finanças da família. No entanto, seu espírito aventureiro o impede de aceitar essa responsabilidade imediata. Movido por uma ânsia insaciável por novas experiências, ele adia seu papel nos negócios familiares em busca de mulheres e emoções intensas.

Num momento de tensão durante uma discussão com seu pai sobre seu futuro, Adrian é surpreendido por uma bela jovem que parece angustiada e fala de forma desconexa, demonstrando preocupação. Sua presença enigmática interrompe a atmosfera carregada da conversa, despertando a curiosidade e ele desliga a ligação, enfurecendo ainda mais seu pai... Ao fazê-lo desligar a ligação.

— Eu sei que o senhor não pode me entender, leve-me daqui! Por favor... — pedia ela, entre palavras quase incompreensíveis por sua dicção apavorada.

Ajoelhou-se diante dele, Adrian ficou constrangido e a segurou delicadamente nos braços, ajudando-a se levantar.

— Entre no carro! — disse ele, sua voz potente e a frase em um português perfeito a surpreendeu, tanto quanto seu gesto de bondade.

Sem pensar, ela entrou no carro e deitou-se no banco de trás para não ser vista. Adrian dirigiu para longe dali... Os olhos dele iam de encontro aquela jovem durante todo o percurso, queria perguntar quem ela era e muitas outras coisas.

— Meu nome é Adrian. Qual é o seu? — perguntou ele.

— Não posso dizer!

— Acabou de se ajoelhar pedindo socorro e acho que ao menos isso, eu mereço saber!

— Perdoe-me senhor... Eu... — Victória acabou deixando que as lágrimas a vencessem.

— Não chore, sinto muito. — Adrian retirou um lenço e entregou cuidadosamente a ela, enquanto dirigia. — Para onde quer que eu a leve?

— Qualquer lugar longe daqui!

Não havia palavra, ambos estavam perdidos em seus próprios pensamentos... Ele queria saber mais sobre aquela jovem enigmática e ela queria fugir dos horrores que passou. O cansaço venceu Victória e ela adormeceu deitada no banco de trás daquele carro, Adrian não a despertou. Seu compromisso de viajar estava comprometido por aquela mudança de planos. Decidiu levá-la para a casa de sua família, a alguns quilômetros dali, e adiar todos os demais compromissos. Ele sabia que a mansão ficaria vazia com a sua ida, apenas os fiéis funcionários de muitos anos...

Enquanto dormia no banco traseiro do carro, Victória teve um sonho angustiante. Nele, voltava ao Brasil em busca de segurança numa casa modesta, mas era capturada novamente por seus perseguidores. O sonho trouxe de volta os horrores do passado, misturando esperança e medo, enquanto seu corpo descansava.

Adrian percebeu que o sono tranquilo dela, havia mudado... Chegaram em sua enorme residência, ele era sempre muito cauteloso ao lidar com mulheres, mas como ela estava adormecida resolveu pegá-la em seus braços.

Victória se debateu, acabou desferindo um tapa no rosto dele... Para ela, a semelhança dele com os homens que tanto lhe fizeram mal, causaram aquele reflexo quase involuntário.

— Me desculpe, eu tive um pesadelo! — ela revelou constrangida, observando-o alisar o próprio rosto.

— Tudo bem, eu não deveria tentar tocá-la! Já chegamos...

 

Victória estava enfrentando uma verdeira mistura de emoções ao adentrar a luxuosa casa de Adrian. A palavra "confiar" há muito tempo não fazia parte de seus pensamentos. Naquele momento, ela se encontrava em uma linda casa, sugerindo a riqueza da família daquele jovem. Apesar do coração apertado, Victória saiu do carro, observando cada movimento de Adrian com atenção, pronta para fugir se necessário.

Ele, por sua vez, parecia temer mais Victória do que ela a ele. Uma tensão crescia entre eles, como se estivessem aprisionados pelos olhares um do outro, aguardando algum gesto simples para confiar.

— Adrian, esqueceu de alguma coisa? — indagou uma senhora ao se aproximar, sem véu, com a pele negra e um sorriso para o jovem.

Ele então a apresentou a nova hóspede.

— Essa é Dagmar, nossa melhor cozinheira! Ela é de Moçambique e trabalha para a família há muitos anos! — respondeu Adrian. — Eu não me esqueci de nada, apenas trouxe uma nova hóspede brasileira.

— Como sabe que sou brasileira? — perguntou Victória, ansiosa e assustada.

— Pelo seu jeito de falar, porque minha mãe é brasileira e me ensinou tanto o idioma quanto a amar seu país! — respondeu Adrian.

A empregada questionou se Victória ficaria em um dos quartos de hóspedes, e Adrian confirmou. A jovem seguiu Dagmar pelos corredores da bela mansão.

— Você é a noiva de Adrian?

— Não, não senhora! — respondeu Victória rapidamente e olhando tudo aquilo com deslumbre.

Ao abrir a porta de um dos quartos bem organizados:

— Espero que fique bem à vontade, os patrões quase não ficam nessa casa. Eles têm intenção de alugá-la em breve. Pelo que vejo não trouxe nenhuma bagagem... — revelou a empregada olhando para a moça.

— Só tenho a roupa do corpo, mas não se preocupe, minha estadia será momentânea.

Ela precisava dormir, descansar de verdade e recuperar as forças perdidas naquele quarto apavorante durante todo aquele tempo. Antes que Dagmar saísse:

— Pode me dizer que dia é hoje?

— Claro, seis de dezembro! — respondeu Dagmar ao fechar a porta.

Victória havia perdido pouco mais de dois meses naquele lugar. Sabia que os homens eram muito poderosos, e ela não poderia fazer nada para impedir que outras garotas sofressem o mesmo destino. Sair do país não seria suficiente para evitar que a procurassem; reconheceriam aquele homem maldito em qualquer lugar do mundo.

Tentou limpar a mente, mas sua cabeça não queria parar. A cada segundo, era forçada pelas lembranças a reviver aquela fuga alucinante. Seu corpo cansado acabou vencendo, e ela adormeceu naquela cama de lençóis brancos.

Adrian permaneceu com pensamentos enquanto caminhava pela sacada da casa, sua mente inquieta revisitava os momentos angustiantes. Recordava vividamente a expressão de desespero nos olhos de Victória, o tom de súplica em sua voz ao clamar pela própria vida.

Como um homem de poderoso e rico, ele sabia que aquela jovem era perseguida por algo implacável, algo que logo descobriria. Era claro para ele que, com sua influência e recursos, talvez fosse o único no mundo capaz de oferecer-lhe proteção.

Seu celular não parava de tocar um só momento, vários recados de voz aguardavam para serem ouvidos por ele. Passou pelo corredor de quartos, tudo estava em silêncio no quarto de hóspedes...

Tocou o próprio rosto, fora o mais próximo daquela linda mulher enigmática que ele havia conseguido chegar. Aquele golpe, por incrível que pareça, havia sido estranhamente prazeroso.

— Amanhã terá que me dizer o seu nome!

Jogou o keffiyeh (acessório de cabeça “lenço”) sobre a cama, abriu seu notebook e olhou alguns e-mails de trabalho. Retirou as roupas e começou a ouvir os recados enquanto tomava um banho relaxante em sua banheira.

“O piloto acaba de telefonar para dizer que você não chegou a Ajman, o que está pensando em fazer da sua vida?”

Adrian sabia que o pai daria um jeito de acalmar os ânimos da matriarca da família, ele desistiu de ouvir as demais mensagens... Ele sempre dava um jeito de fazer o que queria, mesmo que isso custasse muitas broncas depois.

Ele adorou ter algo que o impedisse de ir até Ajman, sua noiva em potencial teria que esperar um pouco mais para conhecê-lo. Nunca esteve em conformidade com essa decisão, seu espírito livre pretendia seguir assim por muito tempo... Unir-se a uma desconhecida de família rica, apenas para beneficiar os negócios da família, era fora de cogitação.

Após relaxar na banheira, ignorar várias mensagens e pensar em Victória. Adrian saiu do quarto horas mais tarde para jantar, nunca gostava de fazer as refeições em casa e muito menos, quando estava sozinho por lá, mas aquele dia era diferente e havia alguém mais na casa.

Dagmar preparou um jantar especial para os dois, mas Victória ainda permanecia no quarto. Eles não queriam incomodá-la...

— Dagmar, quero que peça para que Khalil venha aqui amanhã! Preciso que ele faça um trabalho para mim...

— Claro! E a moça? Devo chamá-la?

— Não, ela está cansada e devemos deixá-la recuperar as forças! — respondeu ele, arrumando o guardanapo.

— E qual é o nome dela?

— Não sei... E antes que pergunte, não sei porque eu a trouxe para cá!

— E se ela for uma criminosa? — Dagmar olhou para os lados.

— Nunca vi tanta doçura e pavor no mesmo olhar. Se ela for uma criminosa, saberemos em breve! — respondeu ele, pensativo.

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