Débora e Carlos vivem um casamento de fachada há cinco anos. Ela é uma médica talentosa, ele um administrador de sucesso. Um casamento estimulador pelo avô dos dois. Para garantir o nome de sua família para a única neta legítima. O acordo estava dando certo até que a amante de Carlos cria um plano para tirar a esposa do caminho. O plano não só prejudica as duas pessoas que Débora mais ama, como põe toda a família em risco. Em meio ao perigo, ao ódio, um sentimento desconhecido os toma. Será possível o amor florescer em um ambiente tão hostil? Será que uma alma que passou uma vida sangrando poderia se reconciliar com a vida.
Leer másO dia estava muito quente, apesar de ser cedo pela manhã, o calor sufocava a doutora Débora Nascimento, no fim do plantão, nem o banho frio foi capaz de amenizar o calor que ela estava sentindo. Além do calor sufocante que fazia na cidade esse dia, a TPM estava em seu ciclo mais alto. Tudo de verdade que ela queria era chegar em casa, tomar um novo banho, trocar de roupa e dormir.
Quando Débora pegou o carro no estacionamento do hospital seu corpo transpirava todo. Logo entrou no veículo e ligou o ar-condicionado. Aos poucos o desconforto provocado pelo calor foi diminuindo, apesar da irritação por começar o dia desse jeito não passar.
Um plantão de doze horas, com atendimentos intermináveis e a constante dor de cabeça, causada pelos hormônios do período pré-menstrual foi a combinação perfeita para fazer um começo de dia difícil para a médica.
Ligou uma música no som ambiente do carro, olhou para uma foto de sua filha balançando no espelho retrovisor da frente do carro. Respirou fundos algumas vezes tudo para tentar controlar o nível de estresse que o dia estava demandando. Como pegava aquela hora o contrafluxo, a sua estrada estava bastante tranquila e logo chegou ao bairro em que mora. Quando passou pela guarita de segurança do condomínio de luxo onde sua casa estava, seu humor estava um pouco melhor.
Precisava descansar algumas horas, porque a tarde ainda tinha que voltar ao hospital para uma importante reunião, além de resolver diferentes questões burocráticas antes de voltar para casa e descansar de verdade.
Quando ela estacionou o seu carro logo percebeu algo diferente, na vaga de estacionamento reservada aos carros da família dois carros estavam estacionados. Um dos automóveis. Débora reconheceu. O carro de seu marido, quem não via em casa a seis meses. Estava sumido desde quando encontrou uma nova namorada. O outro não conhecia.
Ao entrar chamou a governanta:
“Mara, Mara.”
“Senhora, que bom que chegou.”
“Como está Ângela? Foi para a escola? Ela se alimentou direito? Se comportou bem?
Foram tantas perguntas, que a empregada, mesmo acostumada com a maneira de chegar em casa de Débora ficou atordoada. Ela não sabia se respondia as perguntas ou dava a má notícia a dona da casa.
“A menina tem estado muito bem. Se comporta como sempre, calma e obediente. Foi para a escola no horário de sempre e disse que quando chegasse gostaria de lhe acordar com um grande beijo.”
A empregada pensou que a melhor escolha era começar dando as respostas para as inquietações cotidianas da patroa. Afinal, a menina era quem mais amava naquela casa.
“Obrigada, Mara. Mas, sinto uma vibração ruim, Tem algo acontecendo fora do comum na casa.”
A empregada se surpreendeu com a sensibilidade da mulher mais jovem. Débora era uma garota de pouco mais de vinte e cinco anos. Mesmo assim, já comandava um importante hospital particular da cidade. Além de ser uma médica generalista bastante conceituada. Responsável, cuidadosa, ela sempre tinha em mente as necessidades de todos.
A sua casa era bastante grande e confortável, presente de casamento do avô, ficava em uma parte bastante privilegiada da cidade, sendo decorada em um estilo clássico, como móveis e decoração clara, entre tons pastéis e neutras. A mulher de verdade se sentia muito relaxada quando chegava na sua própria casa. Era assim que ela estava se sentindo agora. Depois de ouvir o relato da governanta sobre as atividades de sua garotinha. Ela deu um leve sorriso e estava se preparando para subir as escadas quando a outra mulher a fez parar.
“Senhora...”
“Sim.”
"O senhor está em casa.”
“Eu sei. Vi o carro dele na garagem.”
“Mas... e que ele não está sozinho.”
"Está me procurando?”
“Não. Ele disse que queria falar com o senhor Paulo. ”
O rosto de Débora se contorceu de preocupação com a resposta da empregada.
“Obrigada, pode voltar aos seus afazeres. Ao meio-dia preciso que o almoço esteja pronto. Porque quero almoçar com Ângela às doze e vinte. Pois, a tarde tem uma reunião importante no hospital.”
“Sim, senhora.”
A empregada virou as costas e se dirigiu a cozinha, para avisar a cozinheira que adiantasse o almoço, porque a patroa iria sair logo após a refeição. Enquanto isso, Débora subia as escadas para o segundo andar da casa, pensando em que assunto Carlos e Paulo tinham em comum. Tinha apenas posto os pés no segundo pavimento, quando ouviu um barulho de coisas caindo, vindo do quarto reservado a Paulo. A doutora que estava arrastando os pés de cansaço, logo recebeu um impulso de Adrenalina, quando ouviu o barulho e logo depois gritos vindos da mesma direção.
Quando ela atravessou a porta do quarto, que estava aberta, se deparou com uma cena horripilante. Sentado em uma cadeira, Carlos olhava para um rosto coberto de sangue. Ao seu lado uma mulher vestida à última moda, com um sapato de salto bem alto e fino. E mais quatro pessoas, dessas três estavam batendo no rapaz, dono do quarto.
“O que é isso?”
A voz de Débora se elevou e ricocheteou por todo o quarto, fazendo os homens pararem de bater no rapaz momentaneamente.
“Irmão, Carlos quer me matar!”
O rosto cansado de Débora ficou imediatamente pálido. Ela correu para o local em que o garoto estava sendo surrado pelos homens e os empurrou para longe do ferido, um a um. Os homens pegos de surpresa retrocederam alguns passos. Olhando para o chefe. A acenou com a cabeça para ficarem onde estavam.
“O que significa isso, diga logo, Carlos?”
“Estou dando uma lição nesse fedelho. E é melhor você não se meter.”
“Você invade a minha casa, b**e no meu irmão e não quer que eu me meta com isso?”
As pessoas que estavam na sala se surpreenderam com a forma que a mulher falava com o todo poderoso Carlos Nascimento. Muito se falava sobre como era a personalidade da mulher que se casou, ainda aos dezoito anos, como o empresário, jovem, mais badalado do momento.
Os acionistas entraram na sala para a reunião de diretoria convocada para definir o CEO da empresa. Débora na cabeceira olhava para todos os presentes com sua visão aguçada.“Bom dia, senhores e senhora. Como CEO inteira darei início a reunião lendo uma carta de meu avô para todos.”“Claro, senhora. A mensagem de nosso presidente tem muita importância para todos nós.”Todos na sala concordaram com as palavras de um dos acionistas sentado no meio da grande mesa. Débora abriu o papel em suas mãos e começou:Caros Amigos,Muita gente deve ter se perguntado como um vendedor de laranja se tornou o maior acionista de um conglomerado de empresas tão grande como o nosso grupo Mandacaru. Muito dever tensar, trabalho e força de vontade. Eu pessoalmente não creio em tal proposição. Se assim fosse, ser milionário não seria algo tão difícil de encontrar nas ruas do mundo.Digo sem nenhuma pretensão de filosofar. Trabalho e esforço individual é parte importante do processo, porém, o que mais pesa
Às oito horas da manhã o telefone de Débora tocou. Ela acordou com o tom do toque. Quando abriu os olhos, deu como os olhos sorridentes de Carlos lhe fitando.“Bom dia.”Ele falou e esticou o braço para pegar o telefone dela na mesa de cabeceira e o entrou ainda a tocar.“Bom dia.”Ela respondeu enquanto pegava e atendia o telefone.“Alo?”O identificador de chamada, mostrava o contato do chefe da segurança de Débora. A voz da garota estava um pouco rouca dando sinal que ela havia acabado de acordar.“Senhora, os guardas já chegaram no hotel.”“Certo, obrigada. Passe o contato do responsável pela escolta para mim. Por mensagem.” “Ok, senhora. Tem uma volta segura. Quando chegar talvez já temos notícia do perseguidor.”“Sem problemas. Até mais tarde.”Ela terminou de falar, mas a todo momento estava consciente do braço de Carlos, que estava em sua cintura.Ela desligou a chamada, e olhou nos olhos instantes de Carlos para ela.“Precisamos tomar banho para irmos embora.”“É, tenho ciê
Depois de falar com o guarda costa responsável ela trocou de casaco, colocou um chapéu panamá na cabeça e o lenço envolta do pescoço. Pegou a mão de Carlos e saiu do carro.“Nós vamos fazer de conta que somos um casal em lua de mel.”“Claro, querida.”“Vá até os outros. Nossa presença pode colocar em risco todos. Eu quero saber quem está atrás de mim. Penso que isso tem haver com o último episódio de violência contra mim.”Na noite fria, o casal caminhava calmamente em busca de uma pousada ou hotel, na cidade. O carro saiu. O guarda ainda estava relutante em deixar os dois sozinhos no meio da noite. Mas o que ela falou era verdade. Ele teria que ficar com a atenção dividida entre os bandidos e a segurança do casal.O casal entrou em uma táxi logo após:“Por favor, poderia nos levar a um hotel?”“Sim, senhor.”O motorista os levou para uma charmosa construção em estilo suiço, depois de Carlos pagar e agradecer ao homem, os dois entraram na recepção do hotel e pediram um quarto. “Sua b
Depois de colocar Debora na cama do seu quarto. Pensou em tirar a roupa dela, para que a esposa pudesse dormir confortavelmente. Mas desistiu. Não era muito recomendável, no estado em que estava seu corpo no momento.Na manhã seguinte, eles deveriam partir para visitar o avô. Todos tinham concordado que eles.Ao chegar no próprio quarto, Carlos tirou a pouca e partiu para um banho frio no banheiro. Ele recordou a noite.Depois que a filha do padrinho de Débora chegou, ficou tudo equilibrado, eram seis pessoas. Três casais. Não mais, cinco. Com aquele outro querendo ciscar no seu terrenos. Nunca Carlos havia visto Débora tão alegre e solta. Como hoje a noite. Um sorriso se abriu na boca de Carlos. Ao lembrar do beijo. O beijo dela o deixou pegando fogo de verdade. Mas ele tinha consciência que era porque ela estava completamente bêbada, amanhã provavelmente nem lembraria. Carlos foi dormir com a sensação dos lábios macios dela no seus!De manhã, a primeira coisa que Débora lembrou foi
No dia seguinte a vida foi voltando ao normal, apesar da investigação que estava sendo conduzida, ninguém da família de fato se preocupava em ser envolvido.Débora começou a trabalhar a todo vapor no grupo Mandacaru. E no hospital ao mesmo tempo. Ela quase não tinha tempo de respirar. Mas queria aproveitar para fazer uma bela faxina em alguns departamentos da empresa do avô.Sorte que ela tinha a Tina, uma mão de obra qualificada. A médica até pensava em colocá-la no comando de um dos grupos se precisasse. Por isso que a levava a toda parte. Para que ela se familiarize com a dinâmica de administração dos dois setores empresariais.No primeiro diaDébora organizou uma reunião com os principais acionistas da empresa. Da empresa na tarde do primeiro dia. Mas pela manhã ela e Carlos saíram juntos e logo que chegaram lá Débora organizou uma reunião menor com Alberto, Carlo, Tina e Samuel, ela queria aliar com esses personagem um plano de potencialização do crescimento da empresa. “Primei
Durante três dias os legistas fizeram diferentes tipos de exame na defunta, afinal precisam definir a quanto tempo ela estava sendo medicada com a substância. No quarto dia o funeral foi feito com maior das prescrições, afinal se a notícia vazasse para a imprensa o hospital poderia correr sérios riscos de ter a reputação danificada.Algumas pessoas eram suspeitas, inclusive a própria Débora. Mas nada seria alardeado até que se encontrasse o culpado pelo crime. A face de Margarida não estava serena, portanto Débora pensou que ela soube que iria morrer, bem antes de acontecer. A médica sabia que isso era possível, porque quando a velha sofreu o Acidente Vascular cerebral, os neurônios danificados foram os responsáveis pelas funções motoras, e ela estava completamente lúcida nesses onze anos em que viveu no hospital.Naquela manhã do funeral, Carlos estava na casa em que dividia com Débora. Ao sair do quarto, ajeitou a gravata no pescoço. Do outro lado do corredor saiu Jorge com um ter
Último capítulo