MAYA
A realidade se estreitou até os contornos frios da bancada de aço nas minhas costas e a presença física avassaladora de Kaelen à minha frente. O espaço entre nós, que era o espaço de segurança de toda a minha vida, desaparecera. Eu estava encaixada, presa, o cheiro dele – ozônio, algo amadeirado e limpo – preenchendo cada partícula de ar que eu conseguia puxar para os pulmões.
— Isso... isso é errado — consegui gaguejar, a voz trêmula e fraca, traindo a convicção que eu tentava projetar. — De muitas... muitas formas.
Minha mente disparava uma lista caótica: ele era um Aurélio. Eu, uma humana. Ele era um cientista, um governante. Eu, um sujeito de estudo. Isso era uma violação de protocolos não escritos, um salto no escuro que poderia destruir a frágil estabilidade que eu mal começara a construir.
Ele não respondeu com palavras. Em vez disso, ergueu a mão. Seu movimento era deliberado, lento, como se eu fosse um animal assustado que poderia fugir a qualquer momento – e ele estava