Capítulo Três

"Ele me salvou." Lila puxou sua mão de volta, irritada com o julgamento na voz de sua melhor amiga. "Aquelas mulheres teriam me cortado se ele não tivesse aparecido."

"E o que você acha que seu pai vai fazer quando descobrir? Porque ele vai descobrir. Thomas Williams descobre tudo."

O telefone de Lila vibrou. Marcus. Ela recusou a chamada pela quarta vez naquela manhã.

"Você também está evitando seu namorado," Maya observou. "Isso está ficando complicado rápido."

"Marcus não é meu namorado. Ele é a ideia do meu pai do que meu namorado deveria ser." Lila se levantou, juntando suas coisas. "Tenho que ir. Vou me encontrar com Rhett em vinte minutos."

"Espera." Maya segurou seu braço. "Apenas... tenha cuidado. Esses caras não estão brincando. Danny diz que as tensões entre o MC e a polícia estão piores do que nunca. Se alguém te ver com Viper, pode ficar feio."

"Ninguém vai nos ver."

Mas enquanto Lila caminhava até seu carro, ela teve a sensação distinta de estar sendo observada. Ela olhou ao redor do estacionamento, mas não viu nada suspeito. Ainda assim, a sensação a seguiu todo o caminho até o Ruby's Diner.

******

Rhett já estava lá quando ela chegou, sentado em uma cabine nos fundos com as costas para a parede e uma visão clara de ambas as saídas. Velhos hábitos de uma vida violenta. Ele parecia diferente à luz do dia—ainda perigoso, mas as arestas duras suavizadas de alguma forma. Ele usava uma camiseta preta que mostrava braços tatuados, e quando seus olhos encontraram os dela do outro lado do restaurante, seu estômago revirou.

"Você realmente veio," ele disse quando ela deslizou para a cabine à sua frente.

"Você parece surpreso."

"Garotas ricas geralmente têm dúvidas à luz do dia." Seu olhar demorou-se em sua bochecha machucada. "Como está seu rosto?"

"Meu pai acha que fui assaltada no centro. Ele pegou as chaves do meu carro e quer me designar uma escolta policial." Ela aceitou o café que a garçonete serviu sem perguntar. "Então está indo bem."

A mandíbula de Rhett se contraiu. "Uma escolta torna isso complicado."

"Tudo sobre isso é complicado." Lila envolveu suas mãos ao redor da caneca quente. "Por que estamos fazendo isso?"

"Porque você também sentiu." Sua voz ficou mais baixa. "Ontem à noite naquele beco. Algo que nenhum de nós esperava."

"Eu nem te conheço."

"Então me faça perguntas. Vou responder honestamente se você fizer o mesmo."

Era um jogo perigoso, mas Lila se viu inclinando-se para frente. "Certo. Você realmente matou alguém?"

Rhett não vacilou. "Sim."

A honestidade simples roubou sua respiração. Sem justificativa, sem desculpas. Apenas verdade.

"Isso te assusta?" ele perguntou.

"Deveria." Ela encontrou seus olhos. "Mas tenho mais medo de me tornar a marionete do meu pai. De casar com Marcus e viver uma vida segura e sufocante onde nunca faço uma única escolha por mim mesma."

"Marcus o policial?" A expressão de Rhett escureceu. "Você está com ele?"

"Meu pai quer que eu esteja. Tenho tentado descobrir como terminar sem causar uma cena." Ela estudou seu rosto. "Isso te incomoda?"

"Sim, me incomoda. Mais do que deveria para alguém que acabei de conhecer." Ele se recostou, e ela viu a luta interna se desenrolando por trás daqueles olhos de aço. "Isso é uma péssima ideia, Lila. Seu pai odeia tudo que eu sou. Meu clube te veria como um problema. Estamos em lados opostos de uma guerra que nenhum de nós começou."

"Então por que você me deu seu número?"

"Porque aparentemente sou um masoquista que gosta de tomar decisões terríveis." Mas havia calor em sua voz agora, intensidade que fez sua pele formigar. "E porque quando olho para você, vejo alguém lutando contra a mesma gaiola que lutei a vida toda. Alguém que quer mais do que foi mandado aceitar."

O sino sobre a porta tocou, e o corpo de Rhett ficou rígido. Sua mão se moveu para sua cintura onde Lila suspeitava que ele mantinha uma arma. Mas era apenas um casal mais velho, frequentadores pela forma como Ruby os cumprimentou.

"Você é sempre tão paranoico?" Lila perguntou.

"Paranoia te mantém vivo no meu mundo." Sua atenção voltou para ela. "Falando nisso, precisamos estabelecer algumas regras se vamos fazer isso."

"Fazer o quê exatamente?"

"Seja lá o que isso for." Ele gesticulou entre eles. "Regra um: ninguém pode saber. Nem seus amigos, nem meus irmãos. Especialmente não seu pai."

"Maya já sabe."

"Merda." Rhett esfregou a mão no rosto. "Ela pode manter a boca fechada?"

"Ela é minha melhor amiga. Não vai contar a ninguém."

"Regra dois: você não vem para o lado leste novamente. Se aquelas mulheres decidirem terminar o que começaram, posso não estar lá." Sua voz ficou áspera com algo que soava como medo. "Não posso te proteger se não souber onde você está."

"Não estou pedindo para me proteger."

"Tarde demais. Já estou fazendo isso." A possessividade em seu tom deveria tê-la irritado, mas em vez disso, enviou calor se acumulando baixo em seu ventre. "Regra três: se isso ficar muito perigoso, se as pessoas começarem a se machucar, vamos embora. Sem perguntas, sem arrependimentos."

Lila considerou as regras, então balançou a cabeça. "Tenho uma regra também. Você não mente para mim. Estou cansada de todos me tratarem como se eu fosse frágil demais para a verdade. Seja lá o que isso for, eu quero honestidade."

"Mesmo se a verdade for feia?"

"Especialmente então."

Rhett estendeu sua mão pela mesa. "Combinado."

Quando suas palmas se tocaram, eletricidade subiu por seu braço. Sua mão era áspera com calos e cicatrizes, a mão de um homem trabalhador que tinha visto violência. Ele segurou seu olhar enquanto seu polegar traçava seus dedos, e o simples toque pareceu mais íntimo do que qualquer beijo que Marcus lhe deu.

"Eu deveria ir," Lila sussurrou, embora não fizesse nenhum movimento para se afastar.

"Sim, deveria." Mas seu aperto apertou. "Quando posso te ver de novo?"

"Isso é loucura."

"Eu sei."

"Meu pai perderia a cabeça."

"Definitivamente."

"Poderíamos começar uma guerra."

"Provavelmente." Os lábios de Rhett se curvaram em algo quase como um sorriso. "Mas você ainda vai me dar seu número, e eu ainda vou te mandar mensagem hoje à noite, e nós dois vamos fingir que somos fortes o suficiente para ir embora quando sabemos muito bem que não somos."

Lila puxou seu telefone com a mão livre e eles trocaram números, dedos ainda entrelaçados pela mesa. O momento pareceu monumental, uma linha cruzada que não poderia ser descruzada.

Ruby apareceu com a conta, seus olhos afiados observando suas mãos unidas. "Vocês dois tenham cuidado," ela disse baixinho. "Paredes têm olhos nesta cidade."

Foi só quando Lila alcançou seu carro que ela viu—um sedan branco com vidros escuros estacionado três vagas adiante. O mesmo sedan que ela havia notado na faculdade. Quando saiu do estacionamento, ele a seguiu.

Seu telefone vibrou.

*Não olhe para trás. Sedan branco. Você notou?*

Rhett. Ela olhou no retrovisor e viu sua motocicleta seguindo atrás do sedan.

*Sim. Quem é?*

*Não faço ideia. Mas estão te fotografando desde que você chegou.*

Medo congelou suas veias. *O que eu faço?*

*Continue dirigindo. Vou lidar com isso.*

Antes que ela pudesse responder, a motocicleta de Rhett acelerou, puxando ao lado do sedan. Através de seu espelho, ela o viu gesticular agressivamente para o carro encostar. O sedan desviou repentinamente, tentando se livrar dele, mas Rhett permaneceu com ele. Então o sedan passou um sinal vermelho e desapareceu no trânsito.

Rhett parou ao lado dela no próximo semáforo, sua expressão sombria de fúria.

"Vá direto para casa," ele disse através da janela aberta dela. "Tranque suas portas. Vou descobrir quem era aquele."

"Rhett—"

"Agora, Lila." Não era um pedido.

Ela dirigiu para casa com o coração martelando, verificando seus espelhos obsessivamente. Quando finalmente estacionou em sua garagem, seu telefone vibrou novamente.

Número desconhecido. Não era Rhett.

Ela abriu a mensagem e seu sangue congelou.

Era uma foto dela e Rhett no Ruby's, mãos entrelaçadas pela mesa, olhando um para o outro como se nada mais existisse.

Abaixo dela, uma única frase:

*O Chefe Williams ficaria muito interessado nisso. Quanto vale o segredo de sua filha?*

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