HANNA SALVATORE
Ao entrar na Organização sinto o ar frio de sempre, os ar condicionados nunca se desligam por aqui e dificilmente vou me acostumar algum dia. No caminho até a sala de tiro meu nariz se franze ao passar por seis ou sete pessoas que não simpatizo.
Mateo, como todas as manhãs, me espera dentro da sala. O barulho dos meus saltos no piso de porcelanato são o único som que se ouve dentro da sala.
Seguro seu queixo quando chego até ele, sentindo sua pele macia do rosto nos meus dedos. Passo os olhos pelo seu rosto, os cabelos ruivos e sedosos tem apenas uma mexa desalinhada caindo sobre seu rosto, os olhos de pupilas azuis luminosas, é perfeito.
Ah, Mateo, meu amor. Te falta coragem, e espero que você alcance, não quero ter que te trocar.
Colo seus lábios nos meus, dando um selinho.
—Hanna, alguém pode chegar. - Olho por cima do meu ombro para a porta.
—Não importa - Inicio um trilha de beijos por seu pescoço, sentindo sua pele quente perto da veia e seu perfume.
—Você é louca. - mostra um sorriso de dentes alinhados e brancos.
— Por você eu sou...- sussurro perto de seu ouvido, seu pescoço se arrepia, me fazendo dar um sorriso satisfeito sem que ele veja.
—Estamos nos arriscando.
—Não vamos precisar nos arriscar se você me deixar assumir. - meu dedo indicador corre por seu peito quando me afasto um passo para trás dele.
—É claro, não é você que seu pai vai matar.
—Eu não vou deixar ele te matar. E você sabe que sua mãe ainda o contém, mesmo depois de vinte anos.
—Me lembre o números de mortos que seu pai tem na conta só porque olharam para você? - Pergunta com um sorriso. Ele sabe que a resposta dessa pergunta vai servir de argumento pra ele.
—Nos últimos quatro anos, foram setenta e oito. - E sim, eu contei a cada um deles. Sempre gostei de ver meu pai em ação e não me agrado com os olhares de cobiça os quais eu não provoquei propositalmente.
—Não quero ser setenta e nove.
—Não pode fugir disso pra sempre - Ergo o queixo.
—Meu amor, entenda. - Tenta se aproximar para me beijar mas o contenho, erguendo a mão no ar ao ouvir alguém se aproximar.
—Alguém está vindo. - Recuo um passo.
—Hanna. - Meu pai adentra a sala de treinamento, sua expressão se fecha ao observar a proximidade entre eu e Mateo, mas ele não imagina o quão próximos temos ficado nos últimos dois anos - O que fazem aqui, sozinhos? - Arqueia a sobrancelha.
—O de sempre, padrinho, treinando. - Dá de ombros. Olho em seus olhos sem deixar transpassar o quanto reprovo o seu cinismo. Talvez um pouco hipócrita da minha parte, sem dúvida, mas espero um pouco de coragem de Mateo já algum tempo, e ela não vem nunca.
Sendo sete anos mais jovem que eu, ando tolerando muito a sua falta de astúcia, mas vamos ver por quanto tempo eu vou aguentar. O amor nem tudo suporta, ainda mais o meu.
—Tão perto? - cerra os olhos em desconfiança. Meu pai não é tolo, ele anda muito atento com relação a minha proximidade com Mateo, mas assim como meu pai é esperto, eu sou boa atriz e astuta e posso esconder isso pelo tempo que eu quiser.
— ERIC!- Death grita por seu nome, entrando no local. - Aonde você estava?
Onde tem meu pai, tem minha tia Death o procurando com sangue nos olhos. Cômico.
—Não grita, demônio infernal - pressiona o ouvido. Talvez fingindo ter sentido um zunido, mas acredito que não, porque todos nós sentimos isso também. - Estava aqui, falando com os dois que parecem agir de um jeito suspeito.
—Papai, estávamos a meio metro um do outro.
—E a distância ideal é um metro. - Salienta.
—Não foge do assunto. - ela ignora a reclamação do meu pai, e é isso que me faz sorrir interiormente - Eu já te disse que você tem que estar pronto e na minha sala às 15:00 para me levar para almoçar. - desfere um tapa em seu braço esquerdo.
—Eu vou contratar uma dama de companhia pra você, e você vai me deixar em paz.
—Ela não vai não. - Nego.
—Pode tentar, guapo, mas você vai continuar sendo meu motorista particular.
—Onde está a mamãe? - Pergunto quebrando qualquer chance dele argumentar e estender a discussão.
—A madrinha disse que quer fazer um jantar especial hoje, porque faz tempo que não jantamos todos juntos. - Informo, Mateo. Fazendo com que todos nós nos entre olhamos.
—Alissa está na cozinha de novo. - Protesta, Death. Essa é a trama familiar que se estende por anos, mesmo que vez ou outra critiquemos os dotes culinários da minha mãe, ela nunca realmente para e segue sobre a alegação de que até os melhores falham.
—Eu não quero comer mais. - falo.
—Mesmo que esteja intragável, e vai estar, não ouse dizer isso. - É a vez de meu pai tentar proteger os sentimentos dela, mas sempre que a comida está intragável, ele é o primeiro a fazer uma crítica sutil.
—Já se passaram vinte e um anos que ela começou a tentar e ninguém nunca me contou. Já está na hora. - olho para todos para ver quem se candidata
— Eu voto no Eric. - Death, começa a votação.
— Eu também voto. - O olho como se pedisse desculpas pela traição.
—Vocês são todas traidoras. - fala com repúdio. —E você? - arqueia a sobrancelha para Mateo.
— Foi mal, mas vou com a maioria.
—Está preparado para o sofá? - Ela pergunta, cruzando os braços e recebendo em troca um olhar mais que fulminante.
—Eu não vou contar nada. Então, só vou ingerir aquela comida mortal.
—Eu obrigo você a falar - rebate.
—E magoar sua amiga? Acho que não.
—Eu não vou magoá-la, você vai.
—Eu tenho que ir. - Olho para Mateo, que faz menção em se afastar.
— Vai se encontrar com a Paula? - Sua mãe o questiona com um sorriso no rosto. Oh, não, tia Death. Ele não vai, a menos que queira ter sérios problemas posteriores.
—Não, mãe, eu não vou me encontrar com ninguém.
—Ela vive ligando lá em casa. - Por incrível que pareça, fico surpresa com o fato.
—Ela vive porque é louca. Meu lance com ela já acabou faz tempo. - Acho que ele diz isso mais para mim do que para ela. Está me escondendo algo, Mateo?
—Então talvez devesse deixar isso bem claro para ela. - sugiro.
—Quer que a mamãe dê um jeito?
—Não, deixa que eu resolvo os meus problemas. - Ele realmente faz, fugindo deles.
— Mas ela pode fazer isso por você, ninguém melhor do que a tia Death para dar um jeito em alguém. - sorrio e meu pai me fuzila - e o papai. - o dou um abraço lateral.
—Eric, assuma, eu sou melhor que você para resolver problemas.
—Ninguém é melhor que eu quando o negócio é matar. - fala, convencido.
—Isso porque você é um selvagem, eu que sou civilizada. sei levar as coisas no diálogo.
-Todos têm diálogos com as minhas armas.
— Há algumas pessoas que não conseguem ser convencidas no diálogo, então acho que essa Paula precisa que seja do jeito difícil. - Me pronuncio. Eu mesma vou dar um jeito nessa menina.
—Ninguém vai matar ela. deixem a Paula em paz. Já vou indo. - Dá as costas para nós, mas não sem antes me dar um último olhar de aviso.
—Ele deve ser adotado. - Meu pai franziu o cenho.
—Ele puxou o pai. Infelizmente. - ela balança a cabeça.
Recebo um crachá onde está escrito "visitante" e sorrio para o segurança do hall de entrada do prédio que me entregou o mesmo, próximo às catracas. O elevador que entrou está vazio, no fundo dele há um grande espelho limpo, sem marca alguma de toques.
Encarei meu reflexo pálido no mesmo, as lentes castanhas quase incomodam meus olhos e observei se a o aplique loiro está no lugar, assim como o aplique da franja que cai sobre minha testa, tampando. O sobretudo rosa está bem passado, sem qualquer amassado, as botas da mesma cor até às coxas completam o look. Com maquiagem consigo modificar alguns traços do meu rosto que fazem toda a diferença, mas sem fazer parecer que não é natural.
—Srta. Penélope? - Uma mulher negra de cabelos cacheados na altura dos seios para a minha frente. O batom vermelho pinta seus lábios carnudos, seu corpo é bem moldado por um terno feminino. Eu lhe ofereço um sorriso.