CAPÍTULO 3

DARLA VALENTINE

11:17PM

Olho ao redor no jardim escuro. É uma noite quente e a lua está cheia, é possível ouvir o som das corujas e dos grilos pelo silêncio que a noite trás. O tédio me trouxe aqui, Damian não me deixou sair então não me restou muitas coisas a fazer além de ler, mexer no celular...os pensamentos me trouxeram inquietude e eu vim até o jardim para respirar ar puro.

Há algum tempo estou em uma fuga constante dos meus pensamentos, tentando não pensar na morte dos meus pais, na falta que eles fazem...eu não gosto de chorar, poucas vezes na vida fiz isso desde que deixei de ser uma criança. Agora estou focando no que tenho que conquistar ao invés de pensar no que perdi.

— DARLA... - Ouço gritos vindo de dentro da mansão, é a voz grossa de Damian, que parece estar no auge da irritação. - DARLA...

À medida que os gritos se aproximam e que o volume aumenta, sua fúria e revolta se tornam quase palpáveis, chegando em mim antes mesmo de sua presença.

Eu deixo que ele grite, ficando parada no lugar, é bom que ele pense que o enganei, que menti para ele e que fui a uma festa sem sua permissão. Que pense que estou fazendo coisas erradas...

Os gritos se aproximam ainda mais até que eu veja a sombra dele ao longe e ouço o barulho de seus sapatos na grama. Continuo sentada no banco próximo ao poste de iluminação.

—  EU QUERO SABER ONDE ELA ESTÁ! COMO ELA SAIU? SE NÃO ME DEREM UMA RESPOSTA É A CABEÇA DE VOCÊS QUE EU VOU ARRANCAR.

Vejo que é a hora de me levantar, e me apresso em correr até ele, na entrada do jardim.

É agora que eu mostro que ele estava errado em pensar mal de mim, em não acreditar que sou uma boa garota, comportada e obediente, é agora que eu faço ele ficar aliviado em saber que eu não estou nas mãos de nenhum homem.

— Está me procurando? - pergunto atrás dele que grita com o segurança e assim que me ouve solta o colarinho do homem, o empurrando e dispensando apenas com um olhar mortal.

— Onde é que você estava? - Agora é a mim que ele dirige seu ódio, segurando meu braço enquanto me olho furioso com os dentes cerrados, chacoalhando meu corpo.

— Estava no jardim...- Olho de suas mãos em meus braços para o seu rosto. Seu aperto dói mas, eu não me importo.

— Eu fui no seu quarto e você não estava? Estava querendo ir para a festa, não é? - me sacode mais uma vez.

— Claro que não, eu já disse que entendi que não me deu permissão. Não seria capaz de te desobedecer...- Falo deixando a voz mais calma e ele continua a me encarar sem me soltar ou diminuir a força do aperto, tenho certeza que ficará uma marca.

— O que estava fazendo aqui fora a essa hora?

— Estava tomando ar, estou sem sono...e queria conhecer o jardim. A noite está tão bonita...

— Eu disse que meus homens tinham permissão para atirar.

— Acho que do portão para fora...eu só estava no jardim, eles me viram. - encolho os ombros.

Ele luta consigo mesmo para me soltar, consigo ver nos olhos dele que a última coisa que ele gostaria de fazer é tirar as mãos de mim.

Meu braço dói onde antes estava seus dedos, e a marca que imaginei realmente ficou.

— Não faça mais isso.

— Me perdoe. Eu vim pensar...eu estou tão ansiosa, com uns pensamentos que não saem da minha mente. - gesticulo ao lado da cabeça.

— Quais? - Pergunta franzindo o cenho.

— Eu estava pensando que em breve eu vou para a faculdade, e bom...as mulheres se casam tão cedo por aqui, e eu ainda não tenho ideia de quando terei um prometido. - me aproximo dele que imediatamente fica rígido.

— Então é isso que está ocupando a sua mente? A coisa capaz de fazer você perder o sono, é a porque quer um homem? - ele exala desdém.

— Não... é o medo do que me espera. - Me aproximo mais dele, transformando o espaço entre nós quase inexistente. — Você é o melhor amigo do meu irmão, então eu pensei que...- deixo a frase morrer.

— Pensou no que? - Questiona, prendendo a respiração.

— Que se houver alguém a qual eu sou prometida, ou algum candidato que meu irmão esteja cogitando...você deve saber. Ele deve ter te contado...- Aproximo mais meus lábios dos dele.

— Diga, você tem alguém em mente? - Ele volta a agarrar meu braço com o triplo da força, nossas respirações quentes se tornando uma só quando se misturam no ar.

Olho para os seus olhos e para sua boca, fazendo um olhar triangular antes de voltar a encara-lo.

— Você tem muitas exigências para uma esposa, e eu também tenho para um marido...mesmo que o luxo de escolher não esteja ao meu alcance.

— E quais são?

Ele está interessado.

— Eu gostaria de um homem de verdade, que não desistisse de mim por nada, que não abaixasse a cabeça para ninguém, que me adorasse, que faria de tudo por mim, um homem que soubesse me proteger e me satisfazer em tudo.

— Está falando como se já tivesse alguém em mente... - Sua voz se torna quase entre dentes, o seu coração acelera e posso ver isso quando seu peito sobe e desce. — Quem é? - Ele está possesso, seus dedos quase não deixam meu sangue correr.

— Por que quer saber? Vai pedir ao meu irmão para me dar o homem que eu quero? - semi cerro os olhos.

Eu não gostaria de tortura-lo como venho fazendo, mas eu preciso saber, preciso saber o tamanho do seu desejo, do seu ciúme, do seu descontrole...preciso saber o quão intenso pode ser seu amor.

— Não, eu vou mata-lo porque você não deve pensar em homem nenhum. - Rosna sanguinário. — Diga o nome dele. - Eleva a voz  ao ordenar e eu puxo meu braço de volta.

— Não se preocupe, não tem que matar ninguém.

Porque é você...só você, Damian. Mas você ainda não vai saber disso. Ainda...

Meu corpo é puxado volta, batendo contra o seu.

—  Não brinque comigo.- seus olhos ficam escuros, seu maxilar travado e a luz que vem do céu deixa o clima sombrio, o barulho das corujas, a tensão palpável entre nós...

— Eu jamais teria essa coragem...você não é um homem o qual se pode brincar. - falo baixo, inspirando seu perfume.

— Darla... - murmura meu nome em um tom de aviso, fica lindo saindo dos lábios dele.

— O quê?...

Ficamos ali, por segundos apenas deixando nossos lábios pairando perto um do outro, sentindo o cheiro de nossos perfumes virarem um só e resistindo a vontade de juntar nossos lábios

— Vá dormir e não saia mais a noite. - Ele me solta com relutância.

Concordo com a cabeça, me afastando.

****

18:27PM

— Boa tarde...- digo passando pela sala enquanto ele mexe no ipad..

— Boa noite quase, já que ficou a tarde inteira no shopping. - Responde rígido quando olha o relógio de pulso.

— Eu queria fazer umas compras. - ergo as sacolas que enchem meus braços.

— Vai vestir um batalhão?

— Não, são todas para mim. Tem jóias, sapatos e algumas langeries...- sorrio maliciosa vendo seu rosto mudar drasticamente.

Ele se levanta por um impulso.

—  E para quê comprou tanta lingerie? - Avança dois passos. — Que eu saiba, ninguém vai ver suas roupas íntimas , ou eu estou errado?

— Nunca se sabe...- Faço um biquínho ao me apoiar com as mãos nas costas do sofá.

— O que? O que disse, garota? - Pergunto com ódio e puxo seu braço fazendo as sacolas caindo no chão.

— Que nunca se sabe...- ergo o queixo ainda sorrindo, apreciando a sensação de ter meu rosto perto do seu.

— O que esta dizendo para mim, sua cretina? - me j**a com violência no sofá. — Eu sabia que tinha um homem na sua cabeça. - Acusa. — É com ele que quer se casar, não é?

— Sim...eu quero me casar com ele, e penso nele o tempo todo desde que o vi. - o olho ainda jogada no sofá, pendendo a cabeça enquanto um sorriso ameaça brotar no canto dos lábios.

Sua pele esquenta até ficar vermelha.

—  Então se tem coragem de se comportar como uma vadia, vai me dizer quem é esse homem e vai olhar enquanto arranco a cabeça deles.

— Por que quer arrancar a cabeça dele? Está com ciúme?...

— RESPONDE! - Diz me jogando contra o sofá com força, e não consigo conter a expressão de dor pelo impacto de mal jeito.

O encaro do sofá, na mesma posição em que fui jogada.

— É você. - digo simples e tranquila.

— Então esse... - Para, se dando conta do que  acabei de dizer. — O que?

Me levanto indo até ele e envolvo os braços em seu pescoço, aproximando os lábios dos seus.

Eu quero tanto beija-lo...mas ainda não. Eu tenho que tortura-lo o deixando imaginar como é sentir o gosto dos meus lábios, mesmo que isso seja um tiro que sai pela culatra.

— Eu quero você, Damian. Desde que te vi  naquela porta...eu durmo e acordo pensando em você todos os dias.

— Não sabe o que está dizendo, menina... - a voz rouca diz sem me afastar.

— Eu sei sim...e sei que você me quer também. Morre de ciúme de mim e me olha como se fosse me devorar...eu também não saí da sua mente.

— Está louca...

— Estou? - Sorrio sem mostrar os dentes enquanto esfrego meus lábios nos dele por um instante. — Então não vai se importar se eu for de outro, se meu irmão me prometer a alguém...

Imediatamente segura minha cintura e a aperta, trazendo-me para perto de si em um  sinal possessivo.

— Está vendo? Você fica louco de imaginar que outro me terá e que não será você...

— Você tem razão Darla, eu a quero, mas, você... - Ele se enche de receio. — Mas você é muito nova, você é a irmãzinha do meu melhor amigo...

— Isso não importa, eu não ligo pra nada, só me importo em ter você.

— Mas eu me importo...

— Então o que vai fazer?

— Vou cuidar de você até seu irmão voltar... É esse o meu plano. E para isso preciso que fique quieta e não me provoque mais.

— Hm...- faço um biquinho de lado e pego as sacolas do chão. — Se você tem medo, eu não tenho. Isso não acaba aqui...- me aproximo do seu rosto e deixo um selinho rápido em seus lábios antes de sair às pressas em direção as escadas as quais subo correndo.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo