CAPÍTULO 2

DARLA VALENTINE

— Desculpe o atraso...eu não sabia o que vestir, pensei usar um pijama mas como não estou na minha casa, não parece adequado. - digo entrando na sala de jantar, ele ainda está em pé, o que indica que meu atraso foi só um pouco maior do que o dele.

Seu olhar paira por meu rosto até ficar cada vez mais sem pudor sob meus seios, cintura, quadril e coxas moldados no vestido branco com corte desenhado, caindo como um espartilho na parte superior, indo até a altura das coxas onde termina em um babado.

Muitas cores são aliadas na conquista de um homem, o vermelho, o preto e o bordô são como um tiro, mas o branco e o rosa são a massagem na consciência do homem que busca domínio sobre uma mulher inocente e pura.

— Está perfeita assim...- Puxa a cadeira para que eu me sente, de frente para ele ao lado oposto da extensa mesa de madeira.

— Obrigada, o senhor é muito gentil. - me sento.

— Me chame de Damian. Existem horas mais oportunas para me chamar de senhor... O jantar não é uma delas. - Diz antes de voltar para seu lugar.

Entre abro os lábios.

— Desculpe... Damian. - falo suavemente com o olhar na mesa posta, e ergo lentamente para ele.— Só não queria te tratar com intimidade sem ter permissão, sabe que não é certo.

— Tem razão em não dar confiança para estranhos... - Concorda, seu tom é muito severo mesmo que haja aprovação em meu ato, o que só me faz ter mais confirmação no tipo de homem que estou lidando.  — Vinho? - me oferece enquanto abre a garrafa.

— Eu não bebo...- recuso com um gesto delicado.

— Por que não? - Questiona ao passar a língua nos lábios, e seu meus olhos já estavam presos neles, agora não há mais saída.

— Eu não gosto, e também não gosto de me expor a riscos, tanto de vícios quanto de situações onde posso ficar vulnerável. - encolho os ombros antes de me servir uma taça de suco de maracujá.

— Não seja medrosa, está segura aqui. - Ficamos em silêncio, e o único som no ambiente é do vinho sendo derramado dentro da taça. — Ninguém poderá te tocar enquanto estiver no meu domínio. - Diz suavemente com os olhos em mim

— Não é medo de você... é só um receio, de mim mesma, talvez. - tomo um gole de suco.

Se eu já bebi? Diversas vezes, mas eu jamais diria isso a ele.

—  Nunca vai saber quem você é sob o efeito do álcool se não beber...- Argumenta.

Eu sei exatamente quem eu sou sob o efeito do álcool, o que eu não sou capaz de entender ainda, é quem eu sou sob o efeito do amor...e agora estou começando a ter uma pequena dose disso.

—  Uma taça não te fará entrar em coma alcoólico, uma gota de álcool nunca machucou ninguém.

Ele é muito bom em tentar persuadir, a junção de sua voz e beleza faria qualquer mulher aceitar o que ele oferece, mesmo uma dose de veneno.

Olho da taça para ele e acabo cedendo depois de fingir receio, levando um gole a boca.

— Você fica sempre sozinho em casa?

Eu procurei por toda parte um sinal de que pudesse haver alguma mulher aqui, seja ela uma mera visitante ou uma permanência fixa.

Não encontrei nada, e Gian Lucca não disse nada a respeito de alguma parceira do amigo.

— Nunca estou em casa mas, quando estou... sim. Fico sozinho.

— E sua namorada nunca vem te fazer companhia? Quer dizer, não vai me dizer que não tem uma namorada, ou uma noiva...- bebo mais dois goles.

— E por que eu não poderia dizer que não tenho uma namorada ou uma noiva?

— Porque teria uma grande chance de ser mentira. - encolho os ombros, colocando a taça na mesa. — Você é um homem bonito, jovem, poderoso...tudo que qualquer mulher poderia querer.

— Esse é o problema. - Assente com o queixo tirar os olhos dos meus, é como dele pudesse me hipnotizar. — Eu não quero qualquer mulher.

— Alguma pretendente distante ou que não te corresponda?...

— Não tenho a paciência do seu irmão para empurrar uma prometida por anos...- Eu concordo com a cabeça. Olivia,noiva do meu irmão, detesta não só por mim quanto pelo próprio Gian Lucca.— Não tenho um relacionamento amoroso.

— Então quando diz que não quer qualquer uma, é porque tem muitos requisitos que exige em uma mulher....

— De fato... - Concorda, ficando em silêncio enquanto os empregados servem a comida.

— E quais seriam seus principais requisitos para uma boa esposa? - brinco com o polegar e o indicador.

— Por que quer saber?

— Eu sou muito curiosa. Desculpe se estou sendo invasiva, não é minha intenção...

— Tudo bem. Gosto de mulheres que não tem medo de arriscar, gosto de mulheres que tenham atitude, que saibam lutar pelo que querem e acreditam, mulheres maduras e claro... o mais importante, gosto de mulheres obedientes.

Eu dou uma risada interna. Ele não vê que as coisas que ele diz não são compatíveis para uma só pessoa? Homens...sempre desejando aquilo que não sabem lidar na realidade.

— Obediência é tão importante pra você? - pendo a cabeça, apoiando o rosto na mão.

— Sim... Não gosto de ser contrariado ou questionado.

— Acho que eu fui criada em um lar onde a obediência é tão importante e prezada, que já não me surpreendo mais com o desejo voraz que vocês homens tem por submissão.

— Não acho que tenha a ver com completa submissão, não quero um robô ao meu lado, só não quero ter que ficar nas mãos de uma mulher volátil. Nós homens temos a tendência de ficar refém de bucetas e fechar os olhos para todo o resto... Comigo não.

É claro que ele já se relacionou antes, porém sua fala e atitude revela que ele ainda não foi refém de um amor forte e avassalador. Ele não sabe ainda como é estar refém do feitiço de uma mulher inteligente...

Com certeza a anterior não soube mexer com a cabeça e o coração dele.

— O amor cega as pessoas, é algo natural. Amor e racionalidade nunca estão na mesma frase...não quando o amor é forte.

— Quem sabe...- Pondera ainda meio contrariado.

Ele é muito seguro de si, eu gosto disso mas, é um chute no precipício para si mesmo.

— Podemos ter essa conversa de novo quando estiver amando...- levo a taça aos lábios.

[...]

Encaro meu reflexo no espelho do banheiro, eu tenho a perfeita noção da minha beleza, e sei que tudo em mim exala inocência e doçura, mesmo que talvez eu não seja assim por completo. Eu tenho tudo que é necessário para sobreviver aqui, não só na Von Valentine quanto nas mãos de Damian.

Eu o quero, como nunca quis nada na minha vida. Eu nunca me vi desejando um homem, porém ele...desde que o vi pela primeira vez o quis para mim com todas as forças, e eu terei não importa o que aconteça, o que eu tenha que passar ou com quem disputar. Eu serei dele, serei a Sra Ferrari. Terei o coração dele.

O poder que os homens tem aqui, a liberdade de mostrar sua face mais sombria assusta muitas mulheres, mas não a mim.

Desde a fundação da Von valentine há mais de cento e cinquenta anos, os homens tem o poder completamente para si, o poder sobre os negócios, sobre seus filhos e sobre suas mulheres. Mulheres as quais se tornam completamente posse de seus maridos até mesmo antes do casamento, assim que eles a desejam, eles a têm. E quando o casamento é selado, não existem restrições, ele fazem o que quiserem e quando quiserem com elas, nada nos protege, só a nossa inteligência e a capacidade feminina de cegar um homem de amor, se você não tiver essa capacidade, essa habilidade, esse dom...você só vai sofrer por aqui, isso até morrer e ter outra em seu lugar.

Meu pai era o Don, o chefe de tudo, descendente do primeiro Valentine, o criador de tudo isso, nossa família está no comando desde o início, nossa linhagem nunca morreu,  e isso mostra a importância de gerar filhos homens, para o sobrenome jamais ser enterrado. Com a morte dos meus pais no acidente, meu irmão se tornou o Don, Damian é o capô, assim se chama o nome do segundo chefe, sua família também estava na fundação da Von valentine, o que coloca ele na linhagem da segunda família mais importante.

Algumas máfias contam com um conselho formado pelos membros mais importantes, aqui não temos isso, a palavra do Don e do capô são as únicas que importam. As leis nunca foram alteradas, porque desde o primeiro Valentine e Ferrari, foi passado o quanto é importante e indispensável obedecer para que nunca tenhamos a essência derrubada e apagada.

Os dois sobrenomes são a lei aqui. E eu crescendo no berço da máfia, seu muito bem como me recuperar dos t***s da vida.

DIA SEGUINTE....

18:30PM

— Com licença...- peço depois de bater na porta na porta de seu escritório.

— Entre...

Fecho a porta atrás de mim, deixando minhas mãos atrás do corpo, o que ressalta o volume de meus seios no vestido rosa claro.

— Desculpe interromper, eu não vou demorar.

—  Sente-se. - ordena antes mesmo de erguer o olhar do computador para mim.

Concordo com a cabeça, puxando a cadeira e me sento à sua frente do lado oposto da mesa.

— Fale.

— Hoje é sexta...- mexo meus dedos. — E eu gostaria de pedir permissão para sair com as minhas amigas. Vai haver uma festa pequena na casa de uma delas, Giulia...- digo o nome da minha amiga.—  E eu gostaria de ir.

Ele pisca algumas vezes enquanto pensa, sua expressão não esboçando emoção alguma.

— Pensei que tivesse dito que mal via suas amigas. -  arqueia a sobrancelha.

— Sim, nos formamos no ensino médio e agora estamos de férias antes de iniciar a faculdade. - o olho com cautela. — E queríamos comemorar essa nova fase...

Meu olhar o acompanha quando se levanta e começa a andar pela sala.

— Você quer ir em uma festa de adolescentes, com garotas e garotos com os hormônios a flor da pele, onde tem bebidas e drogas... - Para atrás de mim, segurando as costas da cadeira e sinto sua presença imponente fazer meu corpo estremecer.—  Levante-se.

Faço o que ele manda, me virando para ele e agora sua expressão não é mais indecifrável, há reprovação e... ciúme nela.

Damian faz questão de quebrar o espaço curto entre nós, a ponto de que nossos rostos  estejam tão perto que nossas respirações se misturam.

— Eu garanto que não haverá drogas, e não haverá garotos desconhecidos, apenas os irmãos das minhas amigas. Se houver álcool garanto que não irei beber. E se sua preocupação é com a permissão do meu irmão, ele disse que eu poderia sair algumas vezes enquanto ele não voltasse, para que eu não ficasse entediada. - digo mansa.

Em segundos sua feição que já não era boa muda para algo tenebroso e meu braço é agarrado com força, seus dedos ficando pálidos ao afundar na minha carne.

— Que bom que tenha a permissão do seu irmão porque não tem a minha.

Em um gesto de submissão premeditado eu comprimo os lábios e assinto devagar, sem fazer movimentos bruscos.

— Tudo bem...

Ele se torna desconfiado, cerrando os olhos depois de me soltar e dar alguns passos para trás.

— Se está pensando em agir feito uma adolescente burra e fugir, saiba que meus seguranças tem permissão para atirar em tudo que se mexe depois das oito.

— Não, eu não penso em fugir. Eu sei muito bem acatar uma ordem, um não é um não.

— Espero que sim... porque não tolero mentiras.

— Não precisa ser tão rígido comigo. - me aproximo, voltando a quebrar o espaço entre nós. — Eu não estou aqui para te desobedecer...suas regras são suas regras. - Contenho a vontade de morder os lábios ao imaginar certas coisas. — Quando eu estiver na minha casa posso ter as liberdades que meu irmão der, enquanto não...só posso me resignar.

Minhas palavras fazem ele ir para trás como se tivesse sido empurrado por uma força invisível.

— Ok... Se não têm mais nada a dizer, pode ir. - seu olhar desvia do meu.

Ah...ele não gostou de ouvir que vou voltar para minha casa, que vou sair de baixo de seu teto e suas ordens, que vou poder fazer coisas que ele não aprova...

— Ok...- me afasto lentamente indo até a porta. — Boa noite, Damian..

O deixo sozinho com seus pensamentos... é bom que ele comece a temer a ideia de me ter longe. Vai agilizar o processo...

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