Capítulo 129
Riley
Eu entrei no carro com ele. O porta-malas fechado, o silêncio do caminho cobrando algo que nenhuma palavra parecia capaz de pagar. Luca dirigia com uma calma diferente — e eu sentei ao lado, a mão pousada no meu colo.
Ele não olhou para mim de imediato. Só quando o trânsito abriu e a cidade pareceu aceitar que a gente existia, virou o rosto num movimento curto, avaliador.
O carro seguia firme pela estrada molhada. Eu olhava o perfil do Luca — frio, duro, inabalável —, mas sabia que por dentro havia algo que ele não deixava ninguém ver. E eu não aguentava mais segurar minhas perguntas.
Virei o rosto pra ele, sem rodeios:
— Me diz uma coisa, Luca. Como você se sentiu ao descobrir que aquele verme do Erasmo estava vivo até agora? Vivo… e ainda por cima ameaçando sua mãe como se tivesse algum poder sobre ela?
Ele não respondeu de imediato. O maxilar contraiu, a mão apertou o volante com mais força. Finalmente, a voz grave cortou o ar:
— Raiva.