Cadê a Emma?

Capítulo 6

Riley Collins

Não sei como consegui dormir.

O lençol era macio, o colchão envolvente, mas o verdadeiro motivo para o sono foi a exaustão. Não física — emocional.

Luca ficou deitado ao meu lado por horas. Não me tocou, não falou. Só respirava... e me olhava de vez em quando, como se quisesse dizer algo, mas travava. Fiquei bem na beirada do colchão, mal me mexi.

Quando acordei, ele não estava mais ali. Nenhum bilhete. Nenhum cheiro de café. Só a cama ainda quente ao lado dele, denunciando que tinha saído há pouco.

Suspirei, me vesti com a roupa que ele enviou. Uma que tinha uma etiqueta dizendo: Segunda-feira, no closet e fui até a sala. O motorista me esperava, calado, com os olhos escondidos atrás de um par de óculos escuros.

— O chefe pediu que eu levasse a senhora ao hospital St. James.

Assenti e entrei no carro. Era tudo o que eu mais queria. Ver minha irmãzinha.

---

Desci do carro em frente ao hospital. Tentei ignorar o frio no estômago. Um segurança abriu a porta para mim, e tudo ali parecia mais tenso que o normal.

Um enfermeiro correu para dentro de uma sala, empurrando uma maca coberta por um lençol manchado de sangue.

Engoli em seco e fui direto até a recepção.

— Por favor... Emma Collins. Quero saber em qual quarto ela está.

A recepcionista digitou, digitou... e balançou a cabeça.

— Não temos ninguém com esse nome. Nem entre os pacientes, nem na emergência.

— Tente de novo. Emma Collins. Minha irmã foi internada aqui a mais de um ano. Ela sofreu um acidente... — minha voz tremeu.

— Senhorita, não há nenhum registro. Tem certeza que foi nesse hospital?

— Sim, eu mesma fiz o cadastro. Não pode ser. Liguei ainda ontem.

— Olha, comecei a poucos dias a trabalhar aqui. Meu turno começou a pouco, não consigo me lembrar desse nome.

— Minha irmã só tem dezoito anos. É clara, cabelos castanhos. — ela continuou negando.

— Sinto muito, senhora. Se quiser, posso chamar o supervisor...

— CHAME AGORA! — berrei, já tremendo.

O motorista tentou me segurar pelos ombros, a voz calma tentando me conter:

— Senhora Riley, não faça escândalo, podemos verificar com calma...

— VOCÊ SABIA! — gritei, empurrando o braço dele. — O QUE VOCÊS FIZERAM COM ELA?

Minhas mãos tremeram. O ar parecia rarefeito. Eu girava em círculos, olhando cada canto do hospital como se Emma fosse aparecer andando pelos corredores. Mas não apareceu. Nada. Ninguém.

Meu estômago afundou.

Me afastei do balcão, tonta. A cabeça girando sem saber o que fazer ou que caminho seguir.

Olhei em volta. Aquilo não podia estar certo. Jackson me disse que cuidaria disso. Ele me prometeu. Disse que Emma estava aqui.

E se… tudo isso fosse uma armadilha?

Minha respiração ficou curta. O mundo começou a girar devagar ao meu redor.

— Calma — murmurei para mim mesma. — Respira. Pensa.

Mas antes que eu pudesse me recompor, uma movimentação chamou minha atenção.

Médicos correndo. Um enfermeiro passou empurrando uma maca com pressa. Um lençol manchado de sangue cobria alguém.

Me virei, procurando entender.

— Acidente aqui em frente do hospital! Equipe toda em alerta!

Num canto da recepção, eu me assustei quando vi quem era que estava sentado. Me olhando profundamente.

Cabelos bagunçados, olhos cerrados como se o sol incomodasse, camisa bem alinhada.

— Luca? — sussurrei e dei alguns passos na direção dele.

Só que senti um cheiro forte... cigarro, alho. A tatuagem não estava no pescoço e o olhar... não era de desejo com ódio como o de Luca. Era só ódio, desprezo.

Meus pés pararam no chão como se estivessem colados.

— Oi...? — murmurei.

Ele ergueu os olhos. Um sorriso torto, cansado. Mas havia algo de errado. Algo no olhar.

Não era o mesmo homem que casei.

Esse... esse me dava arrepios.

Não de um jeito bom.

— Jackson — sussurrei, já tentando me afastar com o coração acelerado.

Ele arqueou uma sobrancelha, como se gostasse de ser reconhecido.

— Você está... ferido — falei, tentando manter a calma. Eu não poderia irritar mais.

— Nada que me impeça de cumprir meus compromissos — ele respondeu com ironia. — Eu não sumo tão fácil, Riley.

Meu coração acelerou por medo. Por raiva.

Porque ali estava ele.

O homem que me forçou a assinar aquele papel e depois me deixou para ser roubada no altar e casar com outro.

O homem que me jogou em um mundo que nunca pedi.

— Onde está a minha irmã?

Ele abriu um sorriso lento, cínico. Olhou ao redor, como se estivéssemos apenas em um encontro casual.

— Não tem nenhum cadastro dela aqui. E você ficou responsável por isso. Fiz tudo o que estava ao meu alcance. Você sabe.

— Você realmente achou que eu ia entregar sua única motivação de bandeja assim?

— Jackson... — Minha voz falhou.

— Emma não está mais internada aqui. — Ele se aproximou. — Pode ter sido transferida. Pode estar em observação. Ou... sendo usada como moeda de troca. Vai saber.

Minhas pernas cederam, e o motorista me segurou antes que eu caísse. Mas eu me desvencilhei.

— Você é um monstro! Depois de tudo o que passei por você? Acha pouco eu ter passado um ano presa por culpa sua? Casado com alguém que nem conheço, numa cerimônia de merda daquelas?

— Você é uma maldita vadia traidora. Na primeira oportunidade se jogou nos braços do meu irmão, pensa que não vi? E agora vai fazer exatamente o que eu disser se tem interesse em voltar a ver sua irmã.

— Ele iria me matar! Você quase morreu nas mãos dele, e tem coragem de exigir algo de mim?

— Se tenho ou não tenho... não é problema seu. Agora, você é quem decide se vai obedecer ou não. Só que sabe o que está em jogo. Se não tiver interesse eu resolvo do meu jeito e te envio o corpo para o enterro.

Nada importava mais que ela.

Se eu quisesse Emma de volta... eu teria que sair daqui sozinha. Planejar, escapar. Fazer o que Jackson mandasse até tê-lo nas mãos.

Nem que fosse a última coisa que eu fizesse. Então tomei coragem:

— O que você quer, Jackson? — Ele fez um movimento com a cabeça pedindo que o motorista do Luca saísse.

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