Era madrugada quando Caio estacionou o carro em frente ao antigo edifício da Ferrer Incorporadora. O prédio, desativado há mais de quinze anos, parecia um gigante adormecido, coberto de limo e esquecido pelo tempo. A placa enferrujada na fachada ainda trazia o nome da empresa — o nome do pai de Júlia.
Ela saiu do carro e ficou por um momento olhando para o lugar.
— Faz anos que não venho aqui. — murmurou.
— Está pronta para reviver tudo?
— Não. Mas precisamos.
Eles vestiram luvas e lanternas, seguindo pela lateral do edifício. A entrada principal estava selada com tapumes, mas Caio já havia conseguido com Leandro o código para a porta dos fundos — um antigo sistema de segurança que permaneceu por um esquecimento burocrático.
O interior cheirava a mofo e abandono. O chão estalava sob os pés, e as paredes, cobertas de cartazes rasgados, pareciam murmurar histórias há muito esquecidas.
— Segundo os registros de Elias, a sala de arquivos ficava no subsolo. — disse Caio, apontando para uma