Beatriz
Rafael chega em casa para o almoço pontualmente, como tem feito nos últimos dias. Ouço o som da porta se abrindo e os passos pesados dele ecoando pelo corredor. Quando ele entra na cozinha, carrega uma expressão cansada, com olheiras profundas e os ombros caídos. Meu peito aperta ao vê-lo assim. Não sei se é culpa, tristeza ou as duas coisas juntas.
— Oi. — Ele diz, com a voz baixa, quase hesitante.
— Oi. — Respondo, tentando parecer indiferente, mas não consigo evitar que minha voz saia mais suave do que pretendia.
Ele lava as mãos na pia e se senta à mesa, esperando silenciosamente enquanto eu termine de servir a comida. O silêncio entre nós é pesado, quase insuportável. Coloco o prato na frente dele e me sento do outro lado da mesa, sem dizer nada.
Rafael começa a comer, mas com movimentos lentos, quase automáticos. Ele mal levanta o olhar, fixando os olhos no prato, mas noto que ele está comendo menos do que o habitual. Isso não passa despercebido.
— Você não está comendo