Meses depois
Beatriz
Estou inclinada sobre a bancada, anotando os últimos resultados, enquanto Rafael organiza os equipamentos com precisão quase militar. Trabalhar com ele é como dançar uma coreografia bem ensaiada, cada movimento sincronizado, cada gesto antecipado. Não trocamos muitas palavras, mas o silêncio entre nós é confortável, um reflexo da cumplicidade que construímos ao longo dos anos.
A porta se abre, interrompendo o ritmo. Marlon e Antônio entram, carregando aquele ar de descontração que sempre trazem consigo.
— Trouxeram problemas ou soluções? — pergunto, brincando, enquanto tiro as minhas luvas e as deixo sobre a bancada.
— Depende de como você enxerga. — responde Marlon com um sorriso de canto.
— Mas, para ser justo, talvez as duas coisas.
Rafael ergue uma sobrancelha, mas mantém o foco nos papéis à sua frente.
— Isso soa promissor — comenta ele, com o tom seco que me faz segurar um sorriso.
— Promissor é o que vocês têm feito aqui — diz Antônio, puxando uma cadeira