Castiel POV

Termino de abotoar as mangas da minha camisa social - uma das cinco reuniões do dia está prestes a começar, ou talvez terminar. Nem sei mais. Com a queda repentina das ações da Adidas, meus acionistas têm se debatido feito peixes for a d'água, tentando recuperar o prejuízo através de outras oportunidades de investimento. Para mim, a perda foi mínima, um arranhão na superfície de um império. Mas não é sobre perder pouco - é sobre não perder nada. No jogo financeiro, quem hesita, afunda. E eu? Eu nasci para nadar contra a corrente.

Igor, meu braço direito e vice-presidente da corretora que fundei há onze anos, vai ter uma semana longa. Longa e intensa. Eu confio nele, mas a ausência de um general sempre exige mais dos tenentes. Aos 35 anos, com o patrimônio que construí, não posso mais errar. Esta viagem ao Mato Grosso não é um capricho de milionário entediado - é uma estratégia traçada há sete meses. Tenho terras lá, muitas. Oportunidades ainda adormecidas sob a poeira vermelha do centro-oeste. Pode ser gado. Pode ser extração. Pode ser energia. Desde que renda. Desde que produza.

Nasci em São Paulo, filho de dois médicos - exemplos de virtude e dedicação. Mas não herdei essa vocação. Não quis vidas salvas, quis cifras, quis poder. Aos dezenove, alcancei meu primeiro milhão. Aos trinta, já flertava com os trilhões. A análise fria de gráficos e probabilidades virou minha religião. Hoje, ensino os melhores do mundo a multiplicar o que têm. Mas, por trás dos ternos caros, dos números brilhantes e da imagem de gênio inabalável... existe o caos. Os demônios. Os pecados. Alguns, imperdoáveis. Outros, deliciosamente irresistíveis.

- Pretende voltar que dia? - pergunta Breno, meu primo e assessor, enquanto ajeita suas malas com precisão quase militar.

- Depende do que vou encontrar. Carlos disse que há uma família vivendo naquelas terras. A mãe morreu. Quero entender o cenário com meus próprios olhos. - Carlos é homem de confiança do meu pai, trabalha nas redondezas há anos. Quando compramos aquela região, o preço era irrisório, ninguém via valor ali. Agora, o mundo mudou - e eu também. Se há vida naquele fim de mundo, ela vai trabalhar para mim. Ou sair do caminho.

- São caipiras. Não vão nos dar trabalho. - Breno comenta com um meio sorriso. Ele pensa como eu. Age como eu. Por isso confio tanto nele. Também é meu advogado, e redige meus contratos - inclusive os mais íntimos. Como os das submissas.

- Letícia já está pronta? - pergunto, impaciente. Mesmo em viagens de negócios, não abro mão dos meus prazeres. Eu trabalho duro. Eu domino mais ainda.

- Claro. Está no jatinho desde as nove. Doida pra agradar. - responde ele, com aquele tom cínico que conheço tão bem.

Letícia é minha atual submissa. Está comigo há pouco mais de cinco meses. As relações com elas duram, no máximo, seis. Tudo é regido por contrato, cláusulas transparentes, acordos consensuais. Domínio e entrega. Limites bem definidos. Eu não pratico sadismo extremo, não gosto de ver dor real. Mas sou dominador. E gosto de ter o controle. Gosto do silêncio da submissão. Do olhar que implora. Do corpo nu que se curva, entregue, só meu.

O voo até minha mansão no Mato Grosso leva duas horas. Depois, mais duas até Rondonópolis, e dali, quase uma hora para chegar em Pedra Preta. Pequena. Simples. 80 mil habitantes vivendo em um lugar que o tempo quase esqueceu. Casas velhas dividem espaço com novas construções. O centro é composto por comércios modestos. Não é bonito, mas é funcional. E é daqui que vai sair o próximo capítulo do meu império.

Check-in feito em uma pousada sem luxo, mas com uma senhora cordial chamada Carolina. Ela é daquelas que sabem mais do que dizem, e me observa como quem já adivinha que não pertenço àquele lugar. Levo Letícia para explorar a cidade - não tem muito a oferecer, mas o calor é abrasador e o museu local serve como distração por alguns minutos.

Quando voltamos, já é fim de tarde. No quarto abafado, saio do banho e encontro minha submissa como eu gosto: ajoelhada, nua, oferecendo-se com a respiração acelerada. As pernas abertas. A pele trêmula de expectativa.

Minha toalha cai ao chão. Ela sorri, os olhos baixos. Obediente. Pronta.

- Desce. - ordeno, a voz baixa, grave. Letícia entende. Sempre entende. Ela rasteja até mim, seus lábios prontos para me servir. Fecho os olhos por um instante e, pela primeira vez em dias, silencio os pensamentos. Amanhã, bem cedo, vamos às terras. Hoje... hoje é noite de prazer.

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