E quando se está quase perdendo as esperanças, algo extremamente inesperado acontece.Nunca imaginei que fosse assim em um momento qualquer, ainda mais quando eu sequer estava esperando. Achei que eu ia ter que apelar, que ia precisar fazer algo mais eficaz e quando menos percebi, o voto de confiança veio.Agora eu poderia pressionar, eu tinha algo. Poderia conseguir finalizar o caso, sem feridos, sem violência, sem armas e de uma maneira fácil.Só precisava de provas contra ele, e nada melhor do que uma confissão gravada dele.Mas a minha preocupação do momento não era isso, mas sim o que aconteceu ontem? Ele é um sociopata, Sammy. Deve ter algum diagnóstico, deve ser louco, talvez tenha pesadelos, talvez seja esquizofrênico, você não tem nada haver com isso. Mas um homem de quase dois metros de altura acordar no meio da noite gritando por “Paula ou Dantas” com lágrimas saltando dos olhos foi um pouco impactante para mim. O FBI nunca me adicionou no caso dele, nunca me deram infor
Não importa o quanto você se prepara para um momento, quando ele chega você ainda não vai ser estar preparado o suficiente.Aos 16 anos quando fugi daquela cozinha com medo de escrever “Paula” ou “Dantas”, peguei um ônibus e fugi para longe. Pouco tempo depois eu fui pegando a prática, nenhuma operadora de caixa se recusava a sacar meus cheques, e então já conseguia me virar sozinho sem meus pais.Errado? Sim. Mas eu estava com tanta raiva, da minha mãe, do governo por ter dispensado meu pai como se ele não fosse nada, do Jake Barnes, de mim mesmo. A raiva me fazia ver todos os crimes como algo justo, se alguém dissesse para o Dantas de 16 anos que com 30 ele veria isso com outros olhos, ele jamais acreditaria, porque ele com toda sinceridade nunca achou que fosse se arrepender.Sentado na mesa do restaurante todas as estrelas, eu ficava em silêncio e só amassava o guardanapo nas mãos sentindo a maciez do tecido. Acho que cheguei a um ponto que nem sequer sei mais o que eu sinto, não
Meu pai morreu baleado no meio de uma missão na qual ele estava buscando pelo falsificador Dantas William Collin, meu pai foi atingido por uma bala perdida, o Karl falou que nunca souberam de onde essa bala veio. Eu tinha acabado de entrar na puberdade e já estava órfã de pai e de mãe. Então a minha vida se resumiu a isso, no foco de pegar Dantas William Collin a qualquer custo. Entrei para o treinamento do FBI, e o Karl estava à frente do caso do Dantas, então eu estava tranquila.Mas o tempo foi passando, e passando e passando. Nada. O Karl não conseguia nada, e ainda aconteceu aquela humilhação quando finalmente ele ficou frente a frente com o Dantas. Os dias iam se passando e a minha paciência estava se esgotando, parecia que ninguém nunca ia pegar ele.— Sem chances. — A inspetora não me dava a mínima, apenas se virou e continuou pondo mais café no copinho descartável enquanto eu estava ali do lado dela como uma cachorra sem importância.— Eu já estou preparada o bastante, inspe
PHANTOM - Patrulha armada de negociações terroristas e operações militaresÉ meio que um nome irônico, digamos que seja um apelido. Sabe naqueles assaltos a mão armada em que os assaltantes usam máscaras com temas de desenhos infantis? É tipo isso.Para resumir, vamos chamar o PHANTOM de PM, que significa patrulha militar. No fundo da minha mente eu sou apenas uma garota que procura paz para dormir a noite, que anseia por descansar sem sentir que há uma dívida pendente para quitar.Quando eu saí do FBI, eu saí sem rumo. A gente não faz as coisas de uma hora para outra sem pensar, o nosso cérebro planeja tudo sozinho, automaticamente. Igual quando você diz que não vai criar expectativa, mas não para de pensar no assunto por um instante, e sim, está criando expectativa.Então eu cheguei na hora da prática, e sabe qual foi o plot twist? Eu não consegui nada. É, eu mal sabia o que fazer.Eu planejei aleatoriamente pegar o falsificador sozinha, por conta própria. Mas havia um porém, o FBI
Agora aos tempos atuais, espiei pela janela para ver se o Ethan já havia ido embora e então entrei para dentro novamente.A Jenifer nunca me mandava mensagens importantes como a que mandou, então se mandou agora então quer dizer que eu tenho que correr. Me resolvo com o Dantas depois.Disco o número dela no celular e então espero por alguns instantes até que ela finalmente atenda.— Jenkins? — Ela falou meu sobrenome falso assim que atendeu.— Hernandez. — Ah, ele não está perto. Então posso falar. — Ela suspirou aliviada.Esse é nosso jeito de conversar pelo celular quando é algo muito sigiloso, ela fala meu sobrenome falso, se eu responder algo como “sim” quer dizer que ela não pode falar porque o Ethan está por perto, se eu responder meu sobrenome verdadeiro quer dizer que ela pode falar porque ele não está por perto.A Jenifer é uma amiga, mas está mais para uma colega. Não quero ampliar muito amizades, isso só iria me causar sofrimento. Contei a ela sobre tudo, assim ela me ajud
Encaro meu reflexo no espelho, prestando atenção aos mínimos detalhes. Faço questão de enaltecer cada um deles, mas sem parecer madura demais. Dou uma sacudida nos cabelos ondulados graças ao babyliss bem caprichado, do outro lado do quarto Eric me observa com seu olhar de admiração deitado sobre o colchão. — Está bonita. — Ele elogia voltando a fitar o teto com o corpo estremecido e cheio de agonia. — Esse é o propósito. — Meu tom de voz saiu meio irônico. — Ei. — Chamei sua atenção fazendo com que ele olhasse para mim outra vez. — Está tudo bem, pare de ser ciumento. Eric me encara com o rosto tenso aparentemente sentindo incômodo, mas se contendo ao máximo. Ele pega uma bola de beisebol dentro do criado mudo ao lado da cama e arremessa no teto a pegando de volta quando cai, acredito que foi o jeito dele de controlar a própria raiva. — Para você está tudo bem, não é você que está vendo a sua namorada se arrumar toda para encontrar um médico. — Fez um drama, levantou da cam
Um dos maiores benefícios de não ser quem se diz ser é não precisar se importar com certos problemas. O Ethan Gunnar não precisa se preocupar com os problemas do Dantas, mesmo que ambos sejam a mesma pessoa. Eu posso ser o Doutor Ethan Gunnar, e também posso ser o falsificador Dantas, mas ninguém precisa saber. Ontem quando estava saindo, esqueci a merda da chave do meu consultório. Me preocupei por uns instantes mas depois lembrei que nele não há nada que possa me incriminar, e o que me irrita é que não sei como esqueci esse molho de chaves. Depois de sair de casa e dirigir até o hospital, caminhava assobiando pelos corredores. Parecia que nada poderia tirar a minha paz, e realmente parecia, pois ultimamente sinto como se estivesse sempre de bem com a vida. Afinal, quem não estaria? Já fui advogado, copiloto de avião, corretor, pediatra… nem lembro mais de todas as profissões que já aderi, legalmente? Não. Mas minha conta bancária faz tudo parecer que valeu a pena. Cada uma
— É sério, por favor, me atenda. Por que isso do nada? Me atende, por favor. — Ouço a voz de Eric na mensagem que ele deixou na caixa postal. Encaro o teto enquanto isso, me corroendo de raiva, não só dos ataques desnecessários dele mas da incapacidade dele de enxergar o próprio erro. Já parou para pensar no quanto é insuportável ele me enchendo o saco dessa forma porque passei uns dias sem falar com ele, enquanto eu estou em uma missão? — O que o seu pai diria se soubesse da garota rebelde que você se tornou? Porque isso que está fazendo é ser subversiva ao legado dele. — E Eric continua. “Subversiva ao legado dele” Porque saí da casa do meu namorado e não atendo as ligações dele? Eu confio no Eric para falar sobre o meu pai, a pessoa mais importante da minha vida e que me dói inteira só de pensar nele, aí na primeira oportunidade, no assunto mais idiota, o Eric enfia o meu pai no meio da conversa como se não fosse nada. Fala sério, como eu consegui suportar esse garoto idiota po