(Visão de Dante)
Havia acordado antes do sol, como sempre. A casa ainda dormia, mergulhada em um silêncio espesso que eu apreciava. Era nesse vazio que minha mente trabalhava melhor. Sentado na poltrona de couro do meu escritório, assisti a fumaça do charuto dançar sob a luz tênue que escapava da lareira. Alina havia mexido comigo mais do que eu queria admitir.
Ela era diferente. Não era apenas bonita. Era inquieta, teimosa, impetuosa. Um incêndio coberto por seda. E aquilo… me fascinava. Me desafiava.
Passei a madrugada revendo as gravações. Sim, havia câmeras. Não por desconfiança, mas por controle. Sempre tive a necessidade de enxergar tudo. Dominar tudo. Mas naquela noite, foi ela quem quase me dominou.
Quando Alina sentou ao piano, mesmo hesitante, sua delicadeza contrastava com o veneno nos olhos. Seu corpo tremeu ao meu toque, e ainda assim ela não fugiu. O calor dela atravessava o tecido fino do vestido como uma maldição.
E quando recuou... foi o gesto mais honesto que já rece