O que você faria se, depois de ser assassinada, acordasse em seu quarto um ano antes do dia de sua morte? Selena acreditava que teria a vida perfeita quando se casou com Roman, mas percebeu tarde demais que jamais teria o amor daquele homem, ele se casou com ela apenas por conveniência e, quando teve o que queria, passou a desprezá-la. Sel acreditou que seu amor e dedicação mudariam o coração dele, mas por uma armação de Carina , Roman a expulsa de casa e, sozinha e com medo, ela percebe que alguém estava a seguindo. Naquela noite, Selena é assassinada, mas, antes que a vida deixasse seu corpo ela faz um pedido ao universo: "Eu só queria uma chance... Uma chance de mudar as escolhas que me trouxeram até aqui!" Inesperadamente, seu pedido é atendido e, ao invés da morte, Selena acorda em seu quarto cinco anos antes de seu assassinado, sem saber ao certo quem a matou. Agora, sabendo de todos os mistérios que permeiam sua vida, ela vai precisar lutar para mudar suas escolhas e escapar de seu final trágico. Mas no percurso encontrará um homem obsessivo, um amor incondicional e um inimigo implacável. O que ela está disposta a sacrificar para mudar seu destino?
Leer más19 de abril de 2025
Selena sentia seu peito ardendo e seus pés estavam completamente doloridos, ela não aguentava mais correr. A escuridão a impedia de saber ao certo para onde estava indo, mas não podia parar, mesmo que quisesse, se parasse, provavelmente, perderia sua vida.
Mesmo correndo como louca, ela podia ouvir os passos atrás de si, tão rápidos quanto os dela, a perseguindo no meio da mata escura desde que ela havia saído da mansão Campbell.
Essa noite não podia ser mais trágica, na verdade, sua vida não conseguia ser mais trágica. Seu casamento era um fracasso, ela havia sido expulsa de casa após uma armação e, agora, algum maluco a estava perseguindo no meio da mata desde que havia saído da mansão, desesperada e assustada.
Já estava rouca de tanto gritar por socorro, mas não havia ninguém para ajudá-la, ao menos era o que acreditava. Nunca houve ninguém para ajudá-la em sua vida, isso só se provava ali. Mais uma vez, estava sozinha para enfrentar seus problemas, ninguém iria lutar por ela a não ser ela mesma.
Um lampejo de esperança chegou ao seu coração quando Sel percebeu que as árvores estavam se abrindo e o caminho estava ficando mais limpo, ela até conseguia ver a luz da lua cheia iluminando a copa das árvores e tornando seu percurso um pouco mais claro.
“Estou salva! Aquela abertura deve ser a estrada! Graças a Deus estou salva!”, pensou Sel e um sorriso brilhou em seu rosto.
Mas esse sorriso de esperança logo se foi quando ela alcançou a campina. Era uma área aberta belíssima, com grama verdinha e uma bela vista para a lua cheia, mas ali ela estava encurralada. Diferente do que imaginou, não havia uma rodovia a esperando, apenas um campo verde cercado por árvores e, a sua frente, um penhasco que dava para o mar.
Quando percebeu que havia corrido para a morte, ela voltou a chorar.
De onde estava, ela podia ouvir as ondas do mar quebrando nas pedras logo abaixo e também o vento forte uivando por toda parte. Não tinha para onde voltar, afinal, atrás dela estava seu perseguidor, que ela sequer sabia quem era.
Desesperada Selena olhou para todos os lados, procurando uma opção, mas não encontrou nada, não havia para onde fugir! Ela levou as mãos para os cabelos ruivos e curtos, caminhando rapidamente até a beira do penhasco e olhando para baixo, haviam muitas pedras e o mar aberto estava a frente, se sobrevivesse a queda, morreria afogada, afinal, não sabia nadar.
— Droga! Droga! Droga! — ela gritou, com os olhos cheios de lágrimas, completamente desnorteada.
Quando se virou, Selena viu um movimento entre as árvores e, instantes depois, ela o viu sair da mata. Sua voz ficou presa em sua garganta e suas lágrimas de medo se tornaram lágrimas de ódio e rancor. Seu rosto se torceu numa expressão de puro arrependimento e ela deu mais um passo para trás quando viu a pistola apontada para si. Quando se moveu, seu pé chegou à beira do penhasco e ela olhou para baixo, vendo, mais uma vez, as ondas quebrando nas pedras e o mar, furioso e implacável, a suas costas.
— Por que está fazendo isso comigo? O que eu fiz para você, ah? — ela gritou novamente, seu peito completamente cheio de revolta. — Eu não fiz nada para merecer isso! — sua voz estava trêmula e ela sentia o choro mais uma vez invadir seu ser.
As lágrimas grossas rolavam por suas bochechas, deixando sua visão turva, mas nem isso a impediu de ver o sorriso vitorioso e cruel que surgiu nos lábios de seu perseguidor no momento em que engatilhou a arma. Então, instantes depois, ele puxou o gatilho, atirando em cheio no peito de Selena.
Ela sentiu uma dor que jamais sentiu antes, era uma dor física, mas também doía em sua alma e quebrava seu coração em pedaços. A pessoa em quem tanto ela confiava era a causa de sua morte, todas as decisões que tomou em sua vida a levaram até ali.
— Por quê? — foi a última coisa que disse, antes de seu corpo despencar para trás, caindo do penhasco.
Enquanto caía, as lágrimas rolavam por seu rosto e ela sentia a vida deixar seu corpo, sentia sua alma sendo levada pela morte lentamente.
Nos últimos segundos que teve, ela viu, à beira do penhasco, Anthony arrancando a própria camisa e pulando no mar para salvá-la e um pequeno sorriso brilhou em seus lábios, agora pálidos, então, ela sentiu a água.
Já não tinha mais forças para se mexer, nem para falar, sentia seu corpo afundar lentamente na água e, quando fechou os olhos, desejou secretamente, como seu último desejo em vida:
“Eu queria tanto poder mudar tudo… Queria tanto poder fazer diferente… Não quero morrer assim! Não quero! Se alguém estiver me ouvindo, por favor, me dê uma nova chance!”
19 de abril de 2020
Quando o sol raiou, Sel abriu os olhos de súbito.
Estava ofegante, sentia o peito dolorido, seus cabelos pareciam úmidos e seu corpo estava mole, quase letárgico. Por um momento, ela não entendeu o que estava acontecendo, se lembrava da água, da dor do tiro, da floresta, mas quando olhou ao redor, não estava em nenhum plano pós-vida, pelo contrário, encontrou apenas seu quarto, seu antigo quarto com pôsteres de sua banda favorita colados nas paredes, cortinas rosas e delicadas na grande janela, um guarda roupa com um grande espelho e até seu tapete felpudo de sempre estava tudo perfeitamente igual.
Ela uniu as sobrancelhas e se levantou correndo, sentindo a tontura fazê-la cambalear assim que colocou os pés no chão, então correu até o espelho e não acreditou no que estava vendo. Seus cabelos avermelhados não estavam mais curtos, pelo contrário, estavam longos e tinham belas ondulações nas pontas. Ela usava seu pijama de corações, não tinha a tatuagem que havia feito escondida no ombro direito e, principalmente, não tinha uma aliança em seu dedo. Não havia sobrado nada da noite anterior, a única coisa que a fazia lembrar nitidamente que aquela vida não foi um sonho louco era a pequena marca rosada e redonda do tiro em seu peito, mas ela não lembrava quem havia tentado matá-la.
Por um momento ela não soube o que fazer, tocou seu rosto, chocada com o que estava vendo, mas não teve tempo de pensar muito mais, seu celular tocou e o toque encheu o quarto, a tirando do transe em que estava. Ela correu novamente até a cama e pegou seu celular, desbloqueando a tela e vendo a data no canto superior do aparelho.
19 de abril de 2020.
Era o dia em que ela ingressaria na universidade.
Mas isso não era o mais importante, além de ser o dia em que deveria entrar na universidade aquele era o dia em que seu pai sofreria o acidente que daria início a toda a ruína da sua vida.
“Meu pedido foi atendido, então? Essa é minha nova chance?”, ela pensou, sentindo a cabeça doer com o choque e com o medo.
Mas não havia tempo para pensar, ela precisava correr.
Era hora de começar a mudar sua vida! Não desperdiçaria sua nova chance, nem cometeria os mesmos erros do passado, agora era a hora de construir uma nova vida e descobrir porque tentaram matá-la!
Anos depois…O sol do final da tarde iluminava suavemente os jardins da casa Campbell, espalhando uma luz dourada sobre o gramado verde, onde Loretta corria alegremente atrás do cachorro da família, seu riso infantil ecoando pelo espaço. A menina, agora com quatro anos, tinha a mesma energia inquieta de Anthony e o sorriso cativante de Selena.Selena e Anthony estavam sentados em um banco sob a sombra de uma grande árvore, observando a filha brincar. Era um dia tranquilo, com uma brisa suave que mexia os cabelos de Selena, e ela se pegou refletindo sobre o quanto sua vida havia mudado desde que tudo começou. Ela se inclinou levemente para o lado, apoiando a cabeça no ombro de Anthony, que a envolveu com um braço, puxando-a para mais perto.— Você já pensou em tudo o que passamos para chegar até aqui? — Selena perguntou em voz baixa, seus olhos ainda fixos em Loretta. — Às vezes parece que foi um sonho, ou que tudo aquilo aconteceu em outra vida.Anthony soltou uma risada suave, olhando
Nove meses depoisO som ritmado dos aparelhos de monitoramento se misturava aos sussurros baixos da equipe médica enquanto Selena respirava com dificuldade, seu corpo tomado pela intensidade do momento. A dor do parto vinha em ondas, arrancando-lhe suspiros contidos, mas ao seu lado, Anthony segurava sua mão firmemente, seu olhar cheio de ternura e amor fixo nela. A dor era grande, sim, mas a ansiedade e a expectativa de conhecer sua filha tornavam tudo mais suportável. Ela sabia que não estava sozinha.— Você está indo muito bem, meu amor, — Anthony sussurrou, seus lábios tocando suavemente sua testa molhada de suor. — Estou aqui com você. Nós já superamos tanto, e logo teremos nossa menina nos braços. Eu te amo.As palavras dele eram um bálsamo em meio à dor. Elas a ancoravam no presente, fazendo-a sentir que, apesar de tudo, aquilo era o destino sorrindo para eles. Os dois haviam passado por tantas provações, e agora, aquele era o momento em que tudo faria sentido. Selena apertou a
Anthony imediatamente olhou para ela, alarmado. Sem perder tempo, ele fez uma curva brusca, acelerando em direção ao hospital mais próximo.— Vou te levar ao hospital — ele disse, a preocupação evidente em sua voz.Selena havia passado por muita coisa, para Anthony, o mal-estar poderia ser o reflexo de todo estresse, ao menos ele torcia para que fosse. Chegando ao hospital, Selena foi rapidamente atendida. O médico, após alguns exames rápidos, retornou com uma expressão de surpresa e um sorriso alegre.— Senhora Campbell, — o médico começou — não há nada de errado com você. Na verdade, tenho boas notícias... Você está grávida.Selena piscou, o choque tomando conta de sua mente. Grávida? Ela olhou para Anthony, cujos olhos também estavam arregalados de surpresa. O silêncio pairou por alguns instantes, até que a preocupação de Anthony se tornou palpável.— Grávida? — ele repetiu, a voz hesitante. — Selena... esse bebê... ele pode ser de... Roman?Selena balançou a cabeça rapidamente, as
Anthony respirou fundo, a tensão em seu corpo crescendo ao lembrar daquele momento aterrorizante.— Roman já estava furioso por ela ter descoberto que Selena e eu estavamos juntos, depois de tudo o que havia acontecido, era óbvio que ele não a deixaria viver. Então, quando fui ao encontro dela naquela noite na floresta, eu sabia que estava me colocando em perigo. Mas eu não podia deixá-la morrer.Ele olhou brevemente para Selena, que estava sentada no fundo da sala, seus olhos fixos nele, mostrando todo o apoio que podia. Isso lhe deu força para continuar.— Quando cheguei, me surpreendi, encontrei Henry com a arma na mão, prestes a atirar em Selena,não Roman. Eu tentei intervir, ele me atingiu. Eu desmaiei com o impacto, mas antes de perder a consciência, vi Selena pegando a arma e, para salvar a nos dois, ela atirou em meu avô.O murmúrio baixo que percorreu a sala de tribunal foi abafado rapidamente quando o juiz bateu o martelo.— Senhor Campbell, — o advogado continuou, sua voz g
Selena entrou na sala do tribunal com o rosto erguido e orgulhoso, seus passos ecoavam no chão de mármore. Aquele era seu encerramento, finalmente fecharia aquele ciclo. O ar ali dentro era denso, sufocante, como se todos os olhares estivessem sobre ela. De fato, estavam. As câmeras dos jornalistas focavam nela, o que lhe trouxe um arrepio inevitável, mas nada comparado à intensidade do olhar de Roman, que estava sentado no banco dos réus, seu rosto impassível, com uma expressão fria que ela reconhecia muito bem.Naquele momento, enquanto Roman a olhava fixamente, como se a desafiasse com o olhar, Selena soube que esse seria o capítulo final de uma longa e dolorosa jornada. Roman Campbell, o homem que havia prometido amá-la e protegê-la, agora estava diante da justiça, pagando o preço por suas escolhas cruéis.Ele estava péssimo, os cabelos, sempre ação alinhados, agora estavam uma bagunça, a barba por fazer, olheiras grandes e rosto cansado. Mesmo assim se mantinha altivo, jamais ti
Anthony estava esperando do lado de fora da delegacia, encostado em seu carro com as mãos enfiadas nos bolsos do casaco. Sua expressão era de preocupação misturada com esperança. Quando viu Selena sair ao lado de Tomás, o alívio brilhou em seus olhos.Ele foi até ela, e antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, Anthony a envolveu em um abraço apertado. O calor de seus braços era tudo o que Selena precisava naquele momento.— Você está livre. — Anthony murmurou em seu ouvido, sua voz carregada de emoção. — Finalmente, meu amor!Selena enterrou o rosto em seu peito, sentindo as lágrimas escorrerem por seu rosto, mas essas lágrimas não eram de tristeza. Eram de alívio, de gratidão, de finalmente ter saído daquele inferno.— Graças a você — ela murmurou contra ele, sentindo-se mais segura do que jamais sentira.Anthony a soltou com um pequeno sorriso, os dedos ainda acariciando seu rosto enquanto olhava para ela com uma mistura de carinho e orgulho.— Vamos para casa, acabou, estamos li
Último capítulo