Fellipo virou um fantasma.
Ele parou de voltar para casa ou para o apartamento — ou para qualquer lugar que pudesse chamar de lar. Depois do bordel, depois do fracasso, ele só precisava de uma coisa: Cecilia.
Não para falar. Não para tocar.
Ele só precisava vê-la.
Nas madrugadas, quando Cecilia saía para passear com Thor, ele a seguia pelas ruas escuras. Ficava nas sombras, o cigarro apagado tremeluzindo no escuro, enquanto ela caminhava, fones nos ouvidos, ouvindo seus romances.
Ele via quando ela sorria para o cachorro, abaixava-se para brincar com ele. Quando seus olhos brilhavam ao observar o céu estrelado — como se ela ainda acreditasse que havia algo bonito para acontecer na vida dela.
Fellipo ficava parado, a respiração pesada, o peito comprimido.
Ele sabia que era doentio. Que era errado.
Mas era o único momento em que ele se permitia existir perto dela.
Às vezes, ele ficava tão próximo que quase podia sentir o cheiro dela trazido pelo vento. O coração dele batia descompassado