Fellipo saiu do bordel com os punhos cerrados, o peito arfando de raiva. O cheiro do cigarro barato e do perfume enjoativo das mulheres ainda grudava na roupa, como se quisesse esfregar na cara dele o quão quebrado ele estava.
Ele subiu na moto e arrancou pelas ruas escuras, o ronco do motor abafando os gritos das mulheres assustadas que ainda tentavam se recompor do surto dele. A cada curva, ele acelerava mais, o vento cortando sua pele como navalhas.
Ele queria se sentir vivo.
Queria sentir alguma coisa.
Mas tudo o que sentia era um vazio que o corroía por dentro.
Parou a moto numa área abandonada da cidade, perto do porto, onde os ratos disputavam espaço com os corpos que a máfia descartava. Sentou-se mais a frente olhando para o mar , encostado numa parede descascada, e acendeu um cigarro com as mãos tremendo.
A imagem dela não saía da cabeça.
Cecilia.
O sorriso, os olhos, a maneira como ela mordia o lábio quando estava nervosa.
O jeito como ela gemia o nome dele como se ele foss