Cecilia passou a noite virando de um lado para o outro na cama, com Thor deitado aos pés, respirando pesado no sono tranquilo de quem não carregava o peso de um coração partido.
Ela havia preparado o quarto, tomado banho, arrumado os cabelos, na esperança de que Fellipo aparecesse como fazia todas as noites. Mas o tempo passou, e a madrugada engoliu sua expectativa. Quando o sol começou a invadir as frestas da cortina, ela desistiu de lutar contra o cansaço.
Por volta das cinco da manhã, o barulho do portão da mansão abriu seus olhos de súbito. Cecilia vestiu uma blusa qualquer e desceu as escadas devagar. A cena que encontrou a fez sentir o estômago revirar.
Fellipo atravessava o hall, a camisa branca amassada, marcada por uma mancha de batom vermelho. O cheiro forte de perfume doce e barato impregnava o ar ao redor dele. Os cabelos bagunçados denunciavam uma noite que ele, claramente, não passara sozinho.
Ele percebeu a presença dela, mas não levantou o olhar.
— Tá acordada cedo — m