A música da boate ainda reverberava em meus ouvidos quando bati a porta do carro com força e deixei o salto ecoar pelo asfalto. Entrei no apartamento de Salvattore como um furacão. Estava tonta de raiva, enjoada de hormônios e cansada do peso de tudo que não podia dizer. E ainda com aquela imagem maldita grudada na minha retina — a mulher ajoelhada diante do homem que dizia me amar.
Ele chegou logo depois. Trancou a porta devagar, como se o gesto fosse capaz de conter o estouro inevitável. Mas eu já estava virando para ele com os olhos faiscando.
— Que porra era aquela, Salvattore?
— Rafaella... — ele começou, a voz grave carregada de cautela. — Eu não fiz nada. Ela se ajoelhou, eu recusei. Você viu isso.
— Eu vi você lá. Naquela merda de lugar. E isso já foi o suficiente! — gritei, sentindo minhas mãos tremerem.
Eu estava cansada. Tão cansada. Do cheiro de sangue, do medo constante, dos gritos abafados que moravam dentro do meu peito. E agora, mais do que nunca, carregava dentro de m