As últimas noites tinham sido tormento. O corpo cansado do trabalho na biblioteca, a mente desgastada com as mentiras que eu repetia todos os dias, e o coração batendo em descompasso sempre que fechava os olhos. Eu tentava me convencer de que estava segura aqui, que a cidade era minha armadura. Mas a lua… a lua não deixava esquecer.
Danilo ainda parecia para me assombrar.
Depois de tudo, eu ainda respondia ao chamado do alfa.
Naquela madrugada, acordei com o quarto tomado por uma claridade estranha. Não vinha da lâmpada do corredor, nem dos postes lá fora. Era uma luz pálida, prateada, que se espalhava pelas paredes como se a lua tivesse decidido entrar no abrigo só para me alcançar.
Sentei-me na cama, ofegante, e senti a presença dela dentro de mim. Não apenas a lua, mas ele.
Está acontecendo, disse minha loba, vibrando dentro do meu peito. O laço está se abrindo.
— Não… não pode.
Olhe.
Fechei os olhos e, de repente, não vi mais o teto descascado do abrigo. Vi uma floresta. O chão co