Capítulo Oito

Scarlett Hayes

Eu fui marcada.Essas palavras giravam na minha mente como um eco, enquanto o calor da mordida ainda queimava na base do meu pescoço. A dor foi aguda, sim, mas prazerosa e logo substituída por uma onda de sensações que me tiraram o fôlego. Era como se uma parte de mim, até então adormecida, finalmente tivesse acordado.

Senti meu corpo vibrar, uma energia primal, instintiva, correndo sob a pele. Algo havia se ligado entre nós… um fio invisível, eterno. Dimitri estava em mim agora. E eu nele.

O lobo dele. A minha loba. Nossos instintos dançavam um ao redor do outro, como se sempre tivessem sido destinados a isso.

Meus dedos tocaram a marca. Ainda úmida, quente, viva. Não era só posse. Era promessa. Era proteção. Ele havia cravado os dentes em mim porque sabia que não poderia me perder.

— Agora, ninguém mais pode levá-la de mim — ele disse, a voz grave, rouca, selando o destino entre nós com uma certeza feroz.

Meus olhos se encheram, mas não de medo. De alívio. Porque se alguém no mundo pudesse me proteger do meu pai, era ele.

— Eu confio em você, Dimitri — sussurrei. — Mesmo sabendo quem eu sou. Mesmo sabendo quem ele é.

Ele não respondeu. Apenas me puxou para perto, com a mesma intensidade de antes, como se a marca tivesse apenas sido o começo. E foi ali, entre respirações entrecortadas e carícias cruas, que fizemos amor de novo, dessa vez não por desejo, mas por necessidade. Por pertencimento.

Não havia mais espaço para dúvidas. Ele era meu.

E eu, agora, era dele.

A dor da marca ainda ardia em minha pele como brasas vivas. Cada centímetro do meu corpo parecia mais sensível, mais consciente da ligação que agora nos unia de maneira definitiva. Eu podia sentir Dimitri dentro de mim, não apenas em memórias do que havíamos vivido, mas como se sua alma tivesse se entrelaçado à minha.

Horas depois...

Acordei ainda com a sensação de queimação e não o vi ao meu lado, olhei pela janela e ali vi ele e naquele momento percebi o que queimava mais do que a marca era o olhar dele quando atravessou o jardim. Um olhar que eu nunca tinha visto antes. Um olhar de raiva. De traição.

Foi rápido demais e ele já estava diante de mim, olhando com fúria.

— Já sabia, não é? — ele rugiu, a voz como trovão vindo de dentro da terra. — Que você é filha do meu inimigo. Que o Alfa do Norte é seu pai!

Meu coração congelou. Eu recuei instintivamente, mas não havia como fugir.

— Dimitri, por favor, me escuta...

— Me responde! Você sabia que ele estava me vigiando? Que ele mandou homens até a minha casa? — Ele deu um passo adiante, e a intensidade do seu olhar me fez estremecer. — Você sabia que ele quer guerra? Que ele vai vir aqui, porque eu marquei você?

— Eu sabia.— sussurrei.

O silêncio que se seguiu foi mais cortante do que qualquer grito. Ele fechou os punhos, os olhos brilhando de decepção.

— Então era isso. Você estava aqui para me destruir. Uma isca. Me ofereceu seu corpo, seu sangue, sua alma, e tudo era uma armadilha, não era?

— Não!— gritei, dando um passo em sua direção, mas ele recuou como se eu fosse veneno. — Dimitri, eu não sabia que ele ia nos encontrar. Eu fugi dele! A minha mãe, ela me colocou em um orfanato quando ainda era um bebê. Ela me protegeu. Ela fugiu do meu pai porque ele é um monstro, e eu só descobri sobre tudo isso a pouco tempo, já aqui já sua mansão.

Ele piscou, a fúria oscilando por um instante.

— E só agora você me conta isso? Depois que me entregou seu corpo, depois que eu... — Ele interrompeu a frase, como se a lembrança o ferisse mais do que o silêncio.

— Não faça de mim um tolo, Scarlett.

Eu senti as lágrimas brotarem, mas não permiti que caíssem. Eu não podia vacilar agora.

— Escuta o que eu vou te dizer, Dimitri. Minha mãe fugiu porque, ela sempre foi uma prisioneira do meu pai, O homem que não chamo de pai. Ele vendeu informações aos caçadores. Causou a morte de dezenas de membros. Ela tentou impedi-lo e foi marcada como traidora e morreu, Ela me escondeu no orfanato para que ele nunca me encontrasse. Eu vivi escondida, sem saber por qual motivo fui deixada, mas nunca direi que tenho um pai, ele é um monstro.

— Por que não me contou antes? — ele sussurrou, e dessa vez a dor superava a raiva.

— Porque eu não sabia se podia confiar em você. Porque até pouco tempo atrás, eu também tinha medo de você. Mas você foi me mostrando que havia bondade sob toda essa armadura de Alfa impiedoso. Que você podia me proteger, mesmo sem saber do que eu fugia.

Ele virou o rosto, como se quisesse apagar o que acabara de ouvir. Mas o medo, o orgulho e a raiva já tinham dominado seu coração.

— Eu te dei tudo, Scarlett. Me entreguei de corpo e alma. E você... você era o inimigo disfarçado. — Ele respirou fundo, as narinas dilatadas. — Eu não posso ter você aqui. Você traz perigo para todos.

— Não me mande embora, não me rejeite.

— A marca pode ser quebrada. E eu... eu quebro agora.

— Não, por favor...

— Eu te rejeito, Scarlett. Como minha companheira. Como fêmea. Como parte de mim. Que os deuses da lua sejam testemunhas.

Foi como um golpe seco no meu peito. Algo se rasgou dentro de mim, uma dor aguda que me fez cair de joelhos.

Eu gritei.

A ligação quebrada era como ter um pedaço da alma arrancado a sangue frio. Minha loba interior uivava em desespero. Dimitri recuou, mas hesitou por um instante.

— Você escolheu o lado errado, Scarlett, não deveria esconder isso de mim.

E ele se virou. E com ele, foi-se também uma parte de mim que nunca mais voltaria a ser a mesma.

continua....

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