O castelo nas montanhas sombrias parecia respirar trevas naquela noite. A névoa estava tão espessa que engolia as torres, rastejando pelas paredes como serpentes de fumaça fria. Havia neve recente acumulada nos parapeitos, mas o ar não parecia congelado, parecia morto. Um silêncio pesado envolvia tudo, como se as pedras soubessem que algo terrível se aproximava.
Atlas estava diante da enorme janela da sala do trono, observando o horizonte enevoado com impaciência. Seus dedos tamborilavam no braço da cadeira, o corpo ainda fraco depois do desmaio na noite anterior, mas a raiva o mantinha de pé. A pele dele estava pálida, quase cinzenta, e veias escuras subiam pelo pescoço cada vez que o colar pulsava.
Ele odiava aquela sensação.
Odiava a dor.
Odiava parecer fraco, incapaz.
Odiava que tivesse sido enganado.
E acima de tudo, odiava Lyra.
— A Luna prateada… — rosnou baixinho, cerrando os punhos. — Aquela vadia ousou me desafiar…
A porta da sala do trono se abriu de súbito com um estrondo