A luz suave do entardecer invadia o quarto pela enorme janela de vidro. Luna estava sentada na poltrona, enrolada em um robe de seda branco, os cabelos ainda úmidos do banho, observando Leonel ao piano. Ele tocava uma melodia lenta, quase melancólica, como se cada nota fosse carregada de um passado que ele tentava esquecer.
Ela não precisava de palavras para saber o que se passava dentro dele. Desde que retornaram da viagem, depois de todas as descobertas e confrontos, Leonel havia se tornado mais introspectivo, como se carregasse o peso de escolhas que ainda não conseguia compartilhar.
— Essa música é linda — sussurrou ela.
Leonel parou, os dedos suspensos sobre as teclas. Virou-se para encará-la, os olhos intensos, escurecidos por algo que Luna ainda não conseguia decifrar.
— Era a música preferida da minha mãe — disse ele. — Ela costumava tocá-la quando meu pai saía tarde demais ou quando voltava bêbado... Era como um refúgio.
Luna se levantou e caminhou até ele, sentando-se ao seu