Na manhã seguinte, com o céu coberto por nuvens acinzentadas, Eleonor saiu para visitar sua única amiga, Glória. O som abafado de seus saltos no corredor foi ficando distante, até desaparecer.
Patrícia espiou pela fresta da porta, certificando-se de que a casa estava em silêncio. O coração batia ligeiro, impulsionado pela curiosidade. Com passos leves, caminhou até o quarto da mãe. A maçaneta gelada girou com facilidade. Ela entrou.
O ambiente era soturno, envolto por uma penumbra persistente. As cortinas roxas, pesadas, abafavam a luz do dia como se quisessem impedir que qualquer verdade escapasse dali.
— "Parece um verdadeiro quarto de vilã" — pensou Patrícia, franzindo o nariz. — "Tenho que abrir um pouco..."
Com cuidado, ela puxou uma das cortinas. A luz invadiu o espaço como um intruso, revelando móveis antigos, pesados, e o leve cheiro de lavanda misturado com naftalina.
— Miau — miou a gata, surgindo debaixo da cama. Seu pelo branco parecia brilhar à meia-luz.
— Oi, grac