O sol entrava em feixes mornos pela janela entreaberta do ateliê, filtrado pelas cortinas floridas de linho. O cheiro suave de lavanda pairava no ar, vindo dos sabonetes recém-produzidos sobre a mesa de madeira clara. Patrícia estava concentrada, com as mangas arregaçadas e os dedos ágeis envolvendo uma das peças em papel de seda azul-claro, quando ouviu os passos leves de Elisa se aproximando.
Elisa entrou preguiçosamente no ateliê, os cabelos ainda um pouco desgrenhados da noite mal dormida. Sentou-se numa cadeira ao lado da irmã e pegou um pedaço de papel com certa hesitação.
— Irei ajudar a embrulhar. — anunciou com um tom entediado, apoiando os cotovelos na mesa. — Estou um pouco sem ter o que fazer...
Patrícia ergueu os olhos, surpresa, e deu um leve sorriso.
— Obrigada! — disse com leve ironia na voz. — É um milagre! — pensou, mas não disse em voz alta.
O papel farfalhava nas mãos de Elisa, que tentava alinhar as dobras como via a irmã fazer, embora com menos cuidad