Capítulo 7
Um sorriso perverso curvava os lábios de Alana, distorcendo sua beleza numa máscara de crueldade.

— Irene, você viu as fotos que postei, não viu? — Provocou ela, estalando a língua em desaprovação fingida. — Eu achava que você tinha mais dignidade. No passado, preferia morrer a se curvar, mas agora, para conseguir se casar com o Adriano, parece disposta a engolir qualquer sapo e suportar tudo.

Irene ignorou as ofensas, seus olhos fixos e desesperados na corrente que pendia dos dedos da outra. Cravou as unhas na própria palma até sentir a dor aguda, tentando conter o tremor que percorria seu corpo.

— Devolva o meu colar! — Ela exigiu, com a voz tensa.

Deliciando-se com o momento, Alana estendeu o braço um pouco mais para fora do parapeito, deixando a joia balançar perigosamente sobre o abismo de mais de dez andares.

— Se o quer de volta, ajoelhe-se e bata a cabeça no chão para mim. — Disse Alana. — Admita que você não passa de uma vadia que finge ser santa.

— Jamais! — Gritou Irene, o corpo vibrando de indignação. — Alana, não ouse ir longe demais!

A rival soltou uma gargalhada arrogante, jogando a cabeça para trás.

— Estou indo longe demais? Descobriu isso hoje? O que eu mais odeio em você, Irene, é essa espinha dorsal que nunca quebra, essa teimosia em se manter de pé. Se tivesse se ajoelhado lá atrás, eu não teria precisado infernizar sua vida por todos esses anos. — Ela fez uma pausa dramática, observando o desespero no rosto de Irene. — Você sabe o lugar que ocupo no coração do Adriano e do Mário. Façamos assim, se você se humilhar agora e me implorar de joelhos, não só devolvo essa bijuteria, como também ajudo você a se firmar na família Tavares.

— Eu não vou me ajoelhar! — Irene cerrou os punhos e deu um passo à frente, encurtando a distância com uma coragem que suplantava o medo. — Você não conseguiu me destruir antes, e não vai conseguir agora ou nunca! Não vou baixar a cabeça para alguém com um caráter tão podre quanto o seu!

— Você... — Insultada, a expressão de Alana se contorceu de raiva, mas logo se transformou num sorriso sádico e final. — Ótimo. Já que não quer o colar, então que ele suma.

Dito isso, ela virou a mão para baixo e abriu os dedos. A corrente prateada brilhou por um último instante antes de despencar no vazio.

— Devolva! — Rugiu Irene, lançando-se para frente num impulso desesperado para agarrar o objeto.

Mas foi inútil. A gravidade venceu, e o colar desapareceu na queda vertiginosa. Com os olhos vermelhos e injetados de sangue, Irene estava prestes a correr para as escadas quando sentiu sua roupa ser agarrada com força.

Alana mudou de postura num instante. O sorriso cruel desapareceu, dando lugar a uma expressão de terror fabricado, e sua voz assumiu um tom choroso e teatral.

— Desculpe, Irene! Juro que não chego mais perto do Adriano, por favor, não me empurre... tenho medo!

Quase no mesmo instante, um grito furioso explodiu às costas delas, em uníssono:

— Irene, o que você está fazendo?!

Antes que pudesse reagir ou compreender a armadilha, uma mão agarrou o pulso de Irene, apertando com força suficiente para quase esmagar os ossos. Num movimento violento, ela foi arremessada para longe. Seu corpo colidiu contra o chão frio, o impacto no cóccix irradiando uma dor excruciante que a fez suar frio e empalidecer instantaneamente.

Adriano e Mário correram para acudir Alana, examinando-a com uma preocupação visível.

— Alana, você está bem? Ela te machucou?

Alana chorava copiosamente, as lágrimas escorrendo pelo rosto perfeito como pérolas de uma vítima inocente.

— Desculpe, a culpa é toda minha. Adriano, é melhor pararmos de nos ver, eu só causo problemas...

— Não diga bobagens. — Cortou Adriano, puxando-a para um abraço protetor e firme. — Fique tranquila, não vou deixar que ninguém te trate mal ou te faça sofrer.

Ele então se virou para Irene, o rosto transtornado pela fúria.

— Irene, anos se passaram e você continua intimidando a Alana?! Até quando vai insistir nessa crueldade?

A dor física de Irene era intensa, mas a injustiça doía mais, cortando como lâmina. Sua voz tremeu ao tentar se defender:

— Eu não fiz nada... Foi ela quem jogou meu colar lá embaixo de propósito, eu só tentei pegar...

— Chega! — Trovejou Adriano, a voz ecoando pelo corredor. O olhar dele transbordava uma decepção profunda. — Pare de inventar desculpas e pare de mentir! A Alana sempre foi gentil e tímida desde criança, ela jamais faria mal a uma mosca. Você, pelo contrário, sempre descontou nela as frustrações de sofrer bullying dos outros!

As pupilas de Irene dilataram em choque. A verdade a atingiu como um soco no estômago, dissipando qualquer esperança restante.

— Eu não! Era ela quem me intimidava! Quem sempre fez da minha vida um inferno foi ela...

As palavras foram cortadas pelo estalo seco de um bofetão.

A mão de Adriano atingiu o rosto de Irene com violência, deixando a pele da bochecha direita dormente e a boca com gosto metálico de sangue.

— Você não tem mesmo jeito! Não demonstra nem um pingo de arrependimento! — Os olhos de Adriano fuzilavam ódio e repulsa, como se olhasse para um monstro. — Irene, se eu não te der uma lição agora, hoje você empurra alguém do prédio, amanhã está matando ou incendiando tudo!

Sem esperar resposta, ele e Mário agarraram Irene, cada um por um braço, e começaram a arrastá-la para fora dali com brutalidade.

— O que vocês vão fazer comigo?

Um pavor súbito e inexplicável se alastrou pelo peito de Irene, drenando o sangue de seu rosto. Ela começou a se debater com todas as forças, tentando desesperadamente se desvencilhar daquele aperto de ferro.

Contudo, não houve resposta. Ignorando completamente sua resistência, os dois homens continuaram a arrastá-la pelo corredor em um silêncio sepulcral. Apenas a tensão visível em seus maxilares travados denunciava a fúria que os consumia.

Antes de ser levada dali, Irene lançou um último olhar em direção ao quarto. O que encontrou foi o rosto de Alana, que a observava com um olhar transbordando triunfo e uma maldade pura e indisfarçável.
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