Irene foi levada até a plataforma de bungee jump no topo da montanha.
Ao pisar na estrutura metálica, suspensa a quase cem metros de altura sobre um precipício vertiginoso, a cor sumiu de seu rosto e suas pernas começaram a tremer incontrolavelmente.
Com expressões que permaneciam gélidas e impenetráveis, Adriano e Mário tomaram os mosquetões de segurança das mãos dos instrutores. Eles mesmos prenderam o equipamento nela, ajustando as fivelas com uma firmeza cruel, antes de arrastá-la à força até a beira da plataforma.
Olhando para o abismo sob seus pés, o corpo de Irene enrijeceu em pânico, e o único som que seus ouvidos captavam era o bater ensurdecedor do próprio coração.
— Adriano, você sabe que tenho pavor de altura... — Suplicou ela, com a voz trêmula.
— Eu sei. — Respondeu Adriano, encarando-a sem qualquer vestígio de emoção no olhar. — Já que você queria empurrar a Alana lá de cima, vou fazer você sentir na pele o terror de uma queda. Irene, este é o castigo que você merece. Minha esposa não pode ser uma mulher de alma perversa. Considere o que vai acontecer hoje como uma lição. Se você se corrigir e aprender a se comportar, nosso casamento ainda vai acontecer.
Com os lábios comprimidos em uma linha dura e o olhar sombrio, Mário acrescentou num tom sinistro:
— Não tenha medo, você não vai morrer.
Assim que terminaram de falar, estenderam as mãos e a empurraram para o vazio.
Uma sensação violenta de falta de gravidade tomou conta dela, fazendo seu coração falhar e doer no peito. O terror era tão absoluto que ela sequer conseguiu gritar. Apenas soluços quebrados escaparam de sua garganta, enquanto lágrimas involuntárias eram arrancadas de seus olhos e dispersadas pelo vento cortante da queda livre.
Em seu olhar, restou apenas um vazio de morte e desespero.
Ela ficou pendurada de cabeça para baixo no precipício por meia hora. Quando a respiração se tornou difícil e a consciência ameaçava falhar, finalmente a içaram de volta. Irene desabou no chão da plataforma, puxando o ar com força para aliviar o formigamento causado pela falta de oxigênio, mas não teve tempo de se recuperar.
— Srta. Irene. — Disse um funcionário, aproximando-se. — O Sr. Adriano ordenou que você deve pular dez vezes antes de poder ir embora.
Antes que Irene processasse a informação, foi empurrada novamente.
Uma, duas, três vezes... A cada salto, deixavam-na pendurada por trinta minutos intermináveis. O breve intervalo entre as quedas não era suficiente para seu corpo se recuperar, e quando a punição de dez saltos finalmente terminou, a consciência de Irene estava por um fio.
A noite já havia caído, e a luz branca e dura dos refletores era a única coisa que a mantinha acordada. Restava apenas um funcionário no local. Enquanto ele desprendia as cordas de segurança, Irene, num esforço supremo, agarrou a barra da calça dele.
— Me leve... para o hospital... — Sussurrou ela, a voz fraca como a chama de uma vela ao vento, tendo exaurido todas as suas forças.
O homem balançou a cabeça, recusando o pedido com pesar.
— Sinto muito, Srta. Irene. O Sr. Adriano deu ordens expressas para que ninguém a ajudasse. Esta área pertence à família Tavares e não posso perder meu emprego.
Então, foi embora, deixando-a sozinha.
A luz incandescente feria os olhos inchados de Irene, e lágrimas de impotência rolaram por seu rosto. Ela permaneceu deitada no chão frio por alguns instantes, reunindo os fragmentos de suas forças, antes de se obrigar a levantar e iniciar a descida dolorosa pela montanha.
Foi somente na metade do caminho que encontrou turistas retornando de um passeio, os quais, compadecidos com seu estado deplorável, ofereceram-lhe uma carona até o centro da cidade.
No entanto, em vez de retornar para mansão e descansar, Irene se dirigiu imediatamente ao hospital. Ignorando a exaustão que fazia seus ossos doerem, ela foi até o gramado localizado logo abaixo da janela do quarto onde a discussão ocorrera.
Debaixo da escuridão da noite, acendeu a lanterna do celular e se curvou sobre a terra, vasculhando cada centímetro de grama em busca do colar perdido.
Os galhos dos arbustos rasgavam sua pele e os mosquitos a atacavam impiedosamente, cobrindo seu corpo de picadas, mas Irene parecia imune a qualquer desconforto físico. Ela continuava sua busca minuciosa, varrendo o chão palmo a palmo.
Conforme as horas passavam sem sucesso, a ansiedade se transformava em pânico crescente. Lágrimas quentes se acumulavam em seus olhos, já avermelhados e inchados pelo sofrimento do dia. De repente, uma voz grossa e autoritária rompeu o silêncio às suas costas, fazendo-a sobressaltar.
— Ei! Quem é você? O que pensa que está fazendo aí no meio do mato a essa hora?
Era o segurança do hospital, fazendo a ronda noturna.
Após explicar a situação com a voz trêmula, Irene conseguiu, com a ajuda do guarda, localizar o funcionário responsável pela limpeza do jardim. O homem, um zelador de aparência cansada, coçou a cabeça ao ouvir a descrição da joia e confirmou as suspeitas com um dar de ombros despretensioso.
— Ah, sim, havia mesmo um colar caído aí. — Admitiu ele. — Como parecia coisa sem valor e ninguém veio reclamar, achei que fosse lixo e joguei na lixeira.
O coração de Irene disparou.
— Em qual lixeira? Onde ele está agora? — Indagou ela, avançando um passo em direção ao homem.
O zelador balançou a cabeça negativamente.
— O caminhão de coleta já passou faz tempo. O lixo foi recolhido e levado para o aterro sanitário. Receio que, se quiser procurar agora, será impossível encontrar. Já deve estar soterrado.
As lágrimas que Irene tentava conter finalmente transbordaram, correndo livres pelo rosto sujo de terra e fuligem.
— Para qual aterro eles levaram? — Perguntou ela, a voz embargada de desespero, recusando-se a aceitar a perda. — Aquele colar é muito importante para mim, tenho que recuperá-lo custe o que custar.