O céu de Raventon havia mudado. Era como se uma película cinzenta e líquida cobrisse o firmamento, ondulando de tempos em tempos como o reflexo distorcido de um lago perturbado. Não chovia. Não ventava. Mas tudo estava errado. O ar era denso, as sombras mais espessas, e os olhos dos animais selvagens — mesmo os mais distantes — brilhavam como brasas, inquietos.
Brianna sentia o desequilíbrio em cada nervo do corpo.
As revelações nas ruínas do Oráculo Negro ainda reverberavam dentro dela, como sinos partidos ecoando numa catedral esquecida. Mahruk não era apenas uma entidade faminta. Era uma fratura na essência do mundo, um vazio que queria desfazer tudo — tempo, alma, luz. E a cada segundo, ele se aproximava mais.
— Ele não está mais dormindo — disse ela, olhando para o horizonte de Raventon, onde pequenas fissuras escuras serpenteavam o céu como rachaduras num espelho.
Peter se aproximou, a mandíbula tensa.
— A fenda ao sul se abriu. Um dos Guardiões tentou contê-la, mas... não conse