Cinco invernos haviam passado desde que Lyara nasceu.
O tempo, antes fragmentado por batalhas, perdas e escuridão, agora corria com uma cadência serena, quase sagrada. Raventon deixara de ser apenas uma cidade reconstruída — tornara-se um refúgio de equilíbrio. E, em seu centro, pulsava a luz viva que era Lyara Silver Caravano Kemmerson.
Ela agora corria pelos campos como um raio de vento encantado, com cabelos longos que mudavam de tonalidade conforme as estações, e olhos que pareciam guardar as histórias de todas as eras. Seu sorriso era constante, espontâneo, e fazia florescer pequenas margaridas onde seus pés descalços tocavam a terra. Não havia malícia em sua alma, nem dúvida em sua presença. Apenas uma força silenciosa, porém inabalável.
Peter demorara a aceitar que o mundo, talvez, não representasse mais um risco iminente à filha. Por anos, seu instinto lupino permanecera alerta, mesmo diante da calmaria. Cada sombra, cada ruído distante, ainda o fazia virar os olhos em alerta.