O tempo não voltara a ser o mesmo desde o nascimento de Lyara. Na verdade, ele parecia agora dançar em torno dela, adaptando-se ao ritmo dos seus risos, das suas lágrimas e dos seus olhares que pareciam enxergar além do que qualquer adulto poderia compreender. Meses haviam passado desde o primeiro choro, mas era difícil determinar quantos exatamente. A menina crescia como uma nascente mágica — fluida, veloz, incontrolável.
Ela já se sentava sozinha, observando o mundo ao redor com olhos que mudavam de tonalidade conforme o ambiente: ora dourados como o sol da alvorada, ora azul-acinzentados como o céu de tempestade. Seus cabelos, finos e sedosos, haviam adquirido uma coloração quase prateada sob a luz da lua, e brilhavam em reflexos dourados quando banhados pelo sol. Seu sorriso, contudo, era o que mais desarmava todos. Havia nele uma pureza tão antiga que até os mais endurecidos sentiam-se tocados no âmago.
Na torre dos Silver, agora sede de estudos, curas e encontros mágicos, Lyara