A tarde se arrastava sobre o Conservatório como uma nuvem grávida. As janelas embaçadas refletiam mais do que deixavam ver. Dentro de seu quarto, Luxor desenhava círculos concêntricos com o giz azul. Cada linha vibrava sob seus dedos como se ecoasse algo muito antigo — algo que ninguém ensinara, mas ele sabia.
A marca na nuca agora ardia levemente. Um calor insistente. Como se alguém o chamasse de longe.
Na outra ala da cidade, Narelle atravessava os corredores da Sede com passos que não pediam licença. O vestido justo, negro como uma noite sem lua, colava ao corpo, mas nada ali era vaidade. Era guerra.
Cecília estava sentada na sala dos acordos, lendo um pergaminho antigo com símbolos dos clãs extintos. A expressão plácida. Um cálice com vinho escuro ao lado. Fingindo realeza.
Narelle entrou sem anunciar.
— Você não pertence a este lugar — disse, sem rodeios.
Cecília ergueu os olhos lentamente, como quem contempla um animal ferido que ainda tenta rugir.
— Que bom te ver, Narelle. Sua