O cheiro da mudança chegou antes deles. Antes dos carros atravessarem os portões. Antes dos passos ecoarem no mármore da entrada principal da Casa dos Vorn.
Narelle sabia. Cada lobo ali sabia. E principalmente... ela sentia.
Do banco traseiro, olhou para o filho. Ele observava tudo com aquele olhar atento, desconfiado e... naturalmente dominante. Ele ‘sabia’. Sempre soube. Desde pequeno, questionava de onde vinha sua força, sua percepção além do normal, sua fome de saber... sua fome de poder.
— Filho... — a voz dela saiu calma, mas firme — ...precisamos conversar.
Ele a encarou, curioso, embora no fundo já esperasse.
— Você sabe quem é, não sabe? — perguntou ela, deslizando os dedos sobre os cabelos dele.
O garoto assentiu, sério.
— Eu sempre soube, mãe. Eles... — apontou sutilmente para fora — ...tentaram esconder. Mas meu cheiro não mente. Meus olhos não mentem. Eu sou um Vorn.
O coração de Narelle apertou. Orgulho. Medo. E aquela pontada amarga de um destino que ela tentou evitar..