"— Ela não tem mais ninguém, Kate! Ela só tem a mim. Eu não podia simplesmente abandoná-la. — Besteira! — Katherine disparou, elevando a voz. — Você estava mentindo para mim! Se esgueirando com ela enquanto eu esperava por você como uma idiota! Eu te amava, Adônis! E você... — Amava? — ele a interrompeu, os lábios se curvando num sorriso irônico que gelou suas veias. — Não seja tão dramática, Katherine. As palavras foram como um tapa. Katherine prendeu a respiração, mas se recusou a ceder. — Dramática? Você me traiu! Você jogou fora tudo o que construímos por uma... por uma atriz decadente que precisava de um homem para resolver seus problemas. Fala a verdade Adônis! Você... me traiu não é? — A voz de Kate falhou, rouca de descrença e fúria. — Foi um erro. — disse ele, em voz baixa. — Uma recaída sem importância. — Kate soltou um suspiro trêmulo, mas antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, ele acrescentou: — Ela precisava de mim. — Então, mais frio: — E talvez se você não fosse tão obcecada pelo seu trabalho, teria percebido que eu também precisava de algo... " Katherine Morgan viu sua história de amor se desfazer em pedaços diante de seus olhos, ela estava cega demais, talvez confiante demais ou apaixonada demais para perceber as mudanças de seu noivo. A verdade é que estava óbvio, a realidade foi estampada na cara dela durante meses, só ela que não foi capaz de ver. Até ser tarde demais... Agora tudo o que ela podia pensar era em como dar a volta por cima. Mas, e se em meio a sua busca por vingança, encontrasse uma segunda chance?
Leer másEster cerrou os dentes enquanto olhava para a mulher que ajustava os monitores ao lado da cama. Samantha, ela pensou que se chamava. Alguma enfermeira novata e excessivamente profissional que a havia substituído.Katherine se foi.A constatação lhe provocou uma satisfação aguda e fervilhante. Desejou ter estado lá para ver aquilo, o momento em que a cor sumiu do rosto de Katherine, o momento em que percebeu que não conseguiria lidar com aquilo. Não conseguiria lidar com ela... Mas mesmo sem testemunhar em primeira mão, Ester sabia exatamente como devia ter sido. Katherine correu. Exatamente como Ester queria.Um sorriso lento e presunçoso surgiu nos cantos dos seus lábios.Isso era bom.Ela não amava Adônis. Nunca amou, não de verdade. Mas isso nunca importou. Adônis sempre fora dela, sempre leal, sempre aquele que vinha correndo quando ela chamava. Ele era a única constante em sua vida, o único que nunca a abandonara, não importava quantos outros a tivessem abandonado. E ela não ia p
Adônis estava sentado na cadeira rígida do hospital, com a cabeça apoiada nas mãos, olhando fixamente para o chão. O zumbido baixo das máquinas enchia o quarto silencioso, e um bipe ocasional o lembrava de que Ester ainda estava ali, respirando. Ele deveria ter sentido alívio. Deveria ter sentido algo além daquela sensação insuportável e torturante em seu peito.Mas tudo o que ele conseguia ver era o rosto de Katherine. A forma como sua expressão se desfez quando ele tentou explicar. A mágoa em seus olhos, o modo como ela deu um passo para trás como se ele a tivesse agredido fisicamente.Ele passou a mão pelo rosto, exalando bruscamente.— Meu Deus. — Ele odiava aquilo. Odiava a si mesmo por concordar em ficar, por deixar Ester o envolver em algo que, sinceramente, não era sua responsabilidade.Mas esse era o problema, não era? Era responsabilidade dele agora. Ou pelo menos, sempre fora.Havia um código pelo qual ele vivia, um código que estava gravado em seus ossos desde criança. Pro
Depois de se refrescar um pouco depois do encontro, a jovem morena sentiu-se nas nuvens. Katherine recostou-se nos travesseiros macios da cama, olhando fixamente para o texto na tela. Phillip estava ansioso, como uma criança encostando o nariz no vidro de uma loja de doces, com os olhos arregalados de animação. Ele queria se casar com ela, e não era só brincadeira. Ele estava falando sério, e isso deveria ter sido assustador. Mas, em vez disso, fez seu estômago revirar de uma forma que não era totalmente desagradável.Ela poderia gostar dele. Gostar mesmo dele.Esse pensamento a envolveu como uma brisa morna em uma noite fria, suave, mas inegável. Phillip era gentil, charmoso e claramente dedicado a ela. Ele tinha aquela confiança fácil, o tipo que a fazia se sentir segura, mas também um pouco sem fôlego. Talvez ela pudesse se deixar apaixonar por ele.Mas então, como um convidado indesejado, Adônis entrou em sua mente.— Argh... — ela gemeu e se jogou de lado, pressionando o rosto no
Caminhando até seu lugar, Phillip olhou ao redor com um sorriso ansioso, os dedos tamborilavam na mesa coberta de linho. O brilho quente dos lustres refletia nas taças de vinho, lançando reflexos alegres por todo o restaurante. Seu coração dava um sapateado ridículo no peito, sentia um pouco de nervosismo e excitação algo que ele não sentia há anos.Ele expirou lentamente, tentando se recompor. Era só um jantar. Só uma mulher. Só a mulher sobre quem sua avó não parava de falar há anos. Nenhuma pressão. Nenhuma.Phillip ainda se lembrava da primeira vez que sua avó falou com entusiasmo sobre Katherine.“Ah, Phillip, ela é perfeita! Inteligente, doce, gentil, e tem uma risada... ah, você a adoraria! — Então, com um suspiro dramático, ela acrescentou: — Mas ela está namorando um babaca. Uma completa perda de tempo.”Phillip, é claro, ficou imediatamente intrigado. Uma mulher tão maravilhosa que fazia sua avó falar insistentemente? Isso era notável.E agora, lá estava ele, prestes a conh
Katherine olhou para o bilhete em suas mãos, o rosto corado. Aquele homem era completamente louco — mas, caramba, era fofo.Ela sentiu o olhar curioso de Samantha sobre si e suspirou, gesticulando para que ela fechasse a porta.— Ok. — disse ela, acomodando-se no sofá. — Deixe-me explicar tudo.E ela fez.Contou a Samantha sobre aquela noite, meses antes, como acabara de sair do trabalho quando viu Adônis e Ester enroscados na rua, se beijando como se tivessem todo o tempo do mundo. Como ela engoliu o nó da traição e esperou Adônis voltar para casa, na esperança de alguma explicação. E como tudo o que ele lhe dera fora uma desculpa esfarrapada: Ester precisava dele.— Precisava dele. — repetiu Katherine com amargura, balançando a cabeça. — Mas ao que parece eu não precisava.O olhar de Samantha escureceu de raiva enquanto Katherine continuava, expondo tudo: o entorpecimento que se seguiu, a forma como ela se tornou um fantasma em sua própria vida enquanto Adônis continuava com a dele,
Phillip recostou-se na cadeira de couro, tamborilando levemente os dedos na superfície polida da mesa enquanto ouvia sua sócia, Irina Montes, falar sobre sua mais recente linha de moda. Eles estavam no meio de uma reunião, discutindo a possibilidade de colaborar em um evento beneficente, mas a mente de Phillip estava divagando.— Tá bom, desembucha — disse Irina finalmente, sorrindo e cruzando os braços. — Você está distraído há dez minutos, e isso não é do seu feitio. O que fez Phillip Hastings, o homem mais calculista que conheço, agir como se estivesse perdido nas nuvens?Phillip riu baixinho, balançando a cabeça enquanto esfregava a nuca.— Tão óbvio, né?— Ah, completamente. — Irina se inclinou para a frente, os olhos brilhando de curiosidade. — Vamos lá, me conta. O que te deixou tão distraído?Phillip exalou antes de admitir:— Tenho um encontro hoje à noite.Os olhos de Irina se arregalaram de surpresa antes que seu rosto se abrisse num sorriso de alegria.— Espera aí, você? P
Tentando se recompor, Katherine percebeu que não podia mais continuar assim. Embora seu emprego estivesse em jogo, ela sabia que o conselho de ética e seu supervisor estariam do seu lado, então voltou ao posto de enfermagem e ligou para Milly, uma de suas colegas enfermeiras, pedindo que ela mesma fizesse os exames de check-up, antes de procurar Samantha. Ao encontrá-la perto da sala de descanso, puxou-a de lado.— Eu não consigo fazer isso. — Katherine deixou escapar, com a frustração transparecendo na voz.Samantha franziu a testa. — Fazer o quê? O que aconteceu?Katherine passou a mão pelos cabelos e soltou um suspiro profundo.— O Doutor White continua me pressionando para fazer isso, para continuar trabalhando com Ester e Adônis, como se meu trabalho dependesse disso. E talvez dependa, mas... não sei se é aqui que eu deveria estar. Adônis ainda tem algum tipo de influência na minha vida, e não posso seguir em frente se ele for sempre um fator.Samantha a estudou por um longo mom
Katherine caminhava pelo corredor do hospital, com o pulso martelando nos ouvidos. O ar parecia denso demais, cada respiração um esforço, enquanto ela vinha de mais uma consulta com Adônis e Ester. As palavras em si eram um borrão, mas a dor que deixavam para trás era cortante. Ela passara mais de uma década amando-o, acreditando em um futuro que não existia mais, e agora, ali estava ela, reduzida a nada mais do que uma espectadora, uma testemunha da vida que ele escolhera com outra pessoa.Ela não deveria ter se deixado importar. Mas era impossível ignorar a dor que a percorria a cada passo. Não era apenas o fato de ele tê-la deixado para trás, era o fato de ele nem mesmo ter lhe contado a verdade. E agora, ela tinha que encará-lo, tinha que ficar diante do homem que um dia acreditou ser dela para sempre e fingir que nada disso a estava destruindo.Ela chegou ao posto de enfermagem, esperando que o burburinho da conversa e a rotina constante do trabalho a acalmassem. Samantha lhe ofe
3 MESES ANTES Katherine estendeu a mão para a maçaneta, mas antes que pudesse abrir a porta, vozes surgiram do outro lado. — Tem certeza? Uma pausa. Então, mais baixo: — O que você quer que eu diga, Ester? Katherine apertou a maçaneta com mais força. Ester soltou uma risadinha ofegante. — Eu só acho engraçado. Você passou anos com ela, e agora ela é obrigada a cuidar de mim. — Uma pausa deliberada, e então, com uma doçura melosa: — Deve ser humilhante para ela, não acha? Ver você aqui. Saber que você está cuidando de mim agora. Ela deve se sentir tão... substituível. Adonis soltou um suspiro exasperado. — — Ester, não. — Não o quê? Só estou dizendo... ela está sendo tão mesquinha sobre isso, quando nós dois sabemos que nem é real. Você só está sendo prestativo, certo? Ela está agindo como se tivesse te flagrado em algum caso tórrido. — Adônis hesitou. Tempo demais. A voz de Ester ficou mais áspera, mais insistente. — Você contou a ela, não contou? Silêncio