DAMIAN WINTER
A delegacia cheirava a café e papel velho. Eu estava sentado diante de dois detetives, relatando o que havia acontecido, mas minha mente trabalhava em paralelo, tentando juntar as peças.
Eles faziam anotações rápidas, trocavam olhares como se esperassem que eu acrescentasse algo mais relevante, mas eu não tinha nada além dos fatos. Ou melhor, quase nada.
O que não disse foi que a cena inteira parecia… fabricada.
Um tiro no ombro, em ângulo perfeito, sem testemunhas, e o atirador conseguiu atravessar a propriedade evitando todos os seguranças e ainda escapar sem ser visto pelas câmeras externas. Eu gasto fortunas em vigilância, e ainda assim o sujeito passou como um fantasma?
Algo nisso não encaixava. Ou ele recebeu a ajuda de alguém ou foi alguém de dentro.
E pela primeira vez, uma ideia mais improvável me atravessou rapidamente: Sophie podia ter planejado isso.
Mas descartei logo em seguida. Não, era impossível. Por mais manipuladora que fosse, ela não arriscaria