A madrugada chegava arrastada e fria. Dentro da cela estreita, o tempo parecia não passar. Alexia já não distinguia os dias pelas refeições, mas pelos sonhos que a mantinham viva, o rosto de Norabel, a voz da filha chamando por ela, o cheiro do quarto da filha.
O som de passos ecoando no corredor quebrou o silêncio. Dois guardas surgiram diante da grade.
— Alexia Monteiro — chamou um deles, seco. — Você tem visita.
Ela franziu o cenho, surpresa. — Agora? São quase sete da manhã.
— Ordem da direção. — O outro abriu a grade. — Levante-se.
Alexia se ergueu, desconfiada. As visitas naquele horário não eram comuns. Atravessou o corredor com o coração apertado, os pés descalços tocando o piso gelado.
No parlatório, o vidro refletia uma figura elegante, envolta num tailleur preto impecável. Os cabelos loiros de Mariana Monteiro estavam presos num coque perfeito, e o perfume que usava, caro e pesado, preenchia o ar.
Alexia parou à frente dela, o estômago revirando. — O que você está fazendo a