A manhã nasceu cinzenta sobre Vila Nova. O canto dos pássaros parecia abafado, como se a própria natureza tivesse pressentido a tormenta que se aproximava. Na casa dos Chávez, Alexia estava à mesa, com as mãos apoiadas sobre a xícara de café já fria. Não havia tocado na bebida, nem na fatia de pão que Clara havia lhe servido.
Clara, sentada ao lado, observava a irmã com atenção. Sabia que Alexia estava tomada por pensamentos que não tinha coragem de dizer em voz alta.
— Então é hoje? — Perguntou Clara, a voz baixa, quase receosa.
— É hoje. — Respondeu Alexia, firme, mas com os olhos marejados. — O advogado vai encontrar Vicente.
Helena, que costurava no canto, suspirou pesado. — Esse homem não aceita perder, Alexia. Tenha muito cuidado.
— Eu sei, mãe. — Alexia endireitou os ombros, como quem se obrigava a manter a postura. — Mas eu não posso continuar vivendo como se fosse uma sombra. Quero dar outro futuro para a Norabel.
Clara apertou a mão dela. — Estamos com você.
...
Na mansão Mo