O cinza pálido da madrugada esgueirava-se pelas frestas das cortinas pesadas, pintando o quarto de Lívia com uma luz fria e melancólica. Ivan acabara de sair, deixando para trás o rastro de seu perfume e o silêncio pesado de uma possessão que a sufocava. Lívia jazia na cama, o corpo pesado, Ivan estava implacável, foram muitas rodadas, levando Lívia ao limite, a cada dia estava mais difícil de esconder a sua fúria e asco contra ele, sua mente estava em um turbilhão. A raiva era uma brasa ardente em seu peito, uma fúria silenciosa que a consumia. Ela olhava para o teto, desejando ardentemente encontrar uma maneira de se livrar de Ivan, de quebrar as correntes que a prendiam a ele, mas não via saída. Aquele cretino, estava sobre ela segurando uma coleira e agora Fernando também estava ao lado dele. Como derrubar um gigante que tinha tudo sob controle? Com um suspiro de resignação, ela se arrastou para fora da cama e vestiu um roupão confortável, descendo as escadas em direção à cozinha.