Damian
Não era a primeira vez que voltávamos juntos, mas hoje algo tinha aberto de outro jeito. Talvez fosse a imagem dela avançando quando eu mandei. Talvez fosse o gosto da minha própria frase na boca dela. Talvez fosse só a certeza de que, se eu caísse, ela continuaria, e eu queria viver para ver.
— Vem aqui, lobinha. — pedi.
Selene subiu no meu colo com cuidado por causa do ombro, sentando de lado, e eu passei o braço bom pela cintura dela. O cheiro dela era suor limpo, couro e um doce que eu só sentia quando a pele dela aquecia perto da minha. A mão dela desenhou uma linha no meu rosto, do queixo à têmpora, devagar, como quem aprende meu corpo mais uma vez.
— Você está ferido. — me lembrou.
— Eu te quero mais do que me dói… — respondi, sem esconder — e mais do que me importo com qualquer cicatriz que venha depois.
Ela mordeu o lábio de um jeito que destranca portas. Encostei a boca no canto da dela, pequeno, só para pedir passagem. Ela deu. O beijo começou lento, como quem sabore