Damon
Levo Selene alguns passos adiante, para o vão entre duas colunas onde a tocha pisca menos. Não há ninguém. A torre ferve em silêncio. Encosto a palma na pedra, criando sombra para nós dois. Sinto a respiração dela no meu queixo. O tremor inconfessável que passa pelo corpo dela me alimenta e me responsabiliza na mesma medida.
— Você é forte. — digo, sincero — E isso me irrita e me orgulha.
— A ordem dos fatores não muda o produto?
— Muda o gosto.
Ela ri, curto. A risada dela tem o poder de estourar minhas defesas de um jeito que a espada de ninguém consegue. Eu volto à boca dela, mais calmo, e a beijo com a paciência que eu não costumo dedicar a nada. Selene percebe a mudança e corresponde na mesma moeda… língua, dentes, calor. O mundo se dobra até caber nesse movimento.
Desço para o pescoço, outra vez. Mordo onde pulsa. Só lembrança. Ela solta meu nome, não um grito, não uma oração, mas reconhecimento.
— Damon… — Ouvir assim me bagunça.
— Fala de novo. — peço.
— Não.
— Teimosia.