Damon
Eu não aceito a ideia de ver Selene só como “do dia”. Esse rótulo me arranha. Não porque eu queira roubá-la de Damian, mas porque a lua, quando escolhe, não escolhe pela metade. Eu conheço marcas. Eu carrego marcas. E a dela chama o meu nome quando a noite cai.
As tochas da torre estalam como se mastigasse o escuro. O corredor alto, de pedra fria exala segredo. Eu a encontro voltando dos jardins. Vem com os ombros tensos, a capa clara roçando as paredes, o cheiro de vento ainda grudado no cabelo. Para. Me encara sem pedir licença e sem dar. Esse jeito me acende.
— Veio para me evitar? — pergunto, baixo.
— Vim respirar ar puro. — ela responde, simples.
— Respira aqui perto de mim.
Não peço. Chego perto. Seguro. Minha mão fecha no punho da capa, puxando-a dois passos para o interior do corredor, onde a tocha mais próxima deixa o rosto dela pela metade. Selene não tropeça. Não solta um som de medo. Só ergue o queixo e me olha como quem me mede e não cede a régua de ninguém.
— Vai m