Selene
Um menino de uns oito anos, sardas espalhadas e o nariz arrebitado, ergueu a mão.
— Eu posso ser lobo? — perguntou.
Sorri.
— Você já é.
A clareira riu. Riram as mulheres, os homens, até o bebê fez um som que parecia gargalhada. Por alguns minutos, fomos só povo que se une.
O vento mudou. A fogueira pousou faíscas em lugar errado. Rurik levantou a cabeça como cão que fareja tempestade. Dagan estreitou os olhos para a linha das árvores. Eu também senti, o ar carregou um metal velho.
— Cheiro de encrenca. — sussurrei.
— Não aqui. — Dagan respondeu — Ainda não. Mas perto. Muito perto.
— Movam as tendas. — ordenei — Apaguem metade das fogueiras. Crianças no centro. Guardas, em pares, rodando. Se alguém reconhecer meu cheiro, digam que foi engano.
A clareira se reorganizou com a pressa certa.
— Fique mais um pouco. — Elia pediu, a mão na minha manga — Só mais um.
— Fico o bastante para lembrar do gosto da sua sopa. — prometi, e aceitei o caldo ralo como quem aceita futuro.
Enquanto