Selene
Acordei antes do sol. A claridade tímida desenhava um corte pálido no chão do quarto, e minha pele, ainda febril de lembranças, parecia carregar dois alfabetos diferentes. De um lado, o mapa de fogo de Damian, beijos que curam e incendeiam. Do outro, as sombras de Damon, mordidas que não perfuram, mas reclamam território.
Eram sinais do dia e da noite, mas faltava algo que doía como ausência: a marca verdadeira, aquela mordida que sela um vínculo. Meu corpo, traidor e honesto, pediu as duas ao mesmo tempo. O peito contraiu, a barriga apertou, uma sede antiga subiu à superfície feito maré.
— “É o chamado.” — Ash disse dentro de mim, sem rodeios — “O laço reconhece os dois e quer se completar nos dois.”
— Eu sei. — Virei de lado, abraçando o travesseiro só para disfarçar o tremor — Mas posso querer sem ceder tudo. Ainda não.
— “Querer não é ceder. É saber o que falta. E decidir como e quando preencher.”
Batidas leves. Iara entrou, seguida de duas criadas jovens. As duas pararam