Damian
O dia nasceu claro, mas em mim só havia sombra. Desde que o sol se ergueu, senti o cheiro dela impregnado de noite. Não era apenas Selene em meu território, era Selene marcada pelo hálito do meu irmão. Damon.
Blaze, meu lobo, rosnava dentro de mim desde a primeira batida de asa do amanhecer.
— “Ele a tocou. Você sente. Ele deixou a lua cheirando a noite. Não aceita isso.”
Eu já sabia. Cada passo dela pelos corredores trazia comigo um veneno doce, a lembrança de que meu irmão a havia beijado sob a lua, de que a fez tremer entre raiva e desejo. Era insuportável.
Encontrei-a no jardim interno, os cabelos soltos caindo pelas costas, a túnica simples ondulando ao vento. O rosto ainda trazia o cansaço da noite, mas nos olhos havia algo novo, uma tensão que não era só medo.
— Você carrega o cheiro dele. — falei, sem rodeios.
Ela ergueu o queixo, tentando ser mais forte do que a confissão silenciosa que seu corpo trazia.
— Eu não escolhi, Damian.
— Não. — caminhei até ela, prendendo-a