Flávia
O dia de trabalho passou tranquilo. Não tivemos reuniões e, para ser sincera, nem nos falamos.
Quando chegou a hora de buscar Caio na escola, lá estava ele, encostado no carro do outro lado da rua, como sempre.
O combinado era ele dormir no meu apartamento naquele fim de semana, mas ele não havia comentado nada. Para minha surpresa, ao me ver, pegou uma mochila no banco de trás e subiu comigo.
Ainda estava com aquele incômodo atravessado na garganta — o ciúme, a chateação por ele ter ido a uma casa noturna sem nem ao menos me chamar. Custava dividir o momento comigo?
— Está tudo bem? — a voz dele me trouxe de volta dos meus pensamentos.
— Está, sim… — respondi, tentando soar natural. — Foi legal ontem?
— Foi. O lugar é bonito, bem localizado — disse, abrindo um leve sorriso.
— Podíamos ir lá qualquer dia… — falei, como quem joga uma ideia ao acaso.
— Podemos, sim.
Fiquei observando-o por alguns segundos. Será que ele me trairia? Teria ficado com alguém lá? Ou… pior… passado a n